O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou neste sábado (27) que a prioridade da instituição é proteger as empresas brasileiras impactadas pela política tarifária imposta pelo governo de Donald Trump. Em entrevista ao programa Brasil do Povo, da RedeTV!, ele destacou que já foi lançada uma linha de crédito de R$ 30 bilhões e que outros R$ 5 bilhões, oriundos de parcerias internacionais, devem ser anunciados nos próximos dias para apoiar companhias em busca de financiamento.
Segundo Mercadante, o Brasil vive um momento de solidez econômica, que tem atraído investimentos externos, e esse fluxo deve ser aproveitado para sustentar o setor produtivo diante das novas barreiras comerciais. “Os investidores internacionais têm interesse que o Brasil dê certo”, afirmou. Para ele, as medidas do BNDES funcionam como resposta a uma “injustiça”, já que, em sua visão, o país foi incluído de forma indevida no embate comercial entre Washington e Pequim. “Nós entramos de gaiato no navio. O problema dos Estados Unidos é maior com a China. Não tinha por que sermos tratados desta forma”, disse, classificando a decisão americana como “irracional do ponto de vista comercial”.
Mercadante reconheceu, porém, que a negociação com os EUA não será simples, mas garantiu que o Brasil está aberto a dialogar, inclusive em temas sensíveis como a exploração de terras raras. Ele avaliou ainda que a postura do presidente norte-americano durante a Assembleia Geral da ONU, quando Donald Trump sinalizou disposição em conversar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, trouxe uma oportunidade que não deve ser desperdiçada. “Temos que aproveitar essa oportunidade que Lula construiu. Não vamos olhar para o retrovisor. É olhar para frente e ver o que é possível negociar”, afirmou.
Por fim, o presidente do BNDES destacou que o gesto de aproximação diplomática mostrou que o futuro do país está nas mãos de seus próprios cidadãos. “Quem decide sobre a vida dos brasileiros são os próprios brasileiros”, disse, ao defender que o Brasil adote uma postura firme, mas construtiva, nas negociações com os Estados Unidos.