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Analistas reduzem projeções e veem upside menor para ações brasileiras em 2025

Projeções mais baixas refletem a valorização recente do Ibovespa e indicam cautela dos analistas para os próximos meses

O otimismo do mercado com a valorização da bolsa brasileira vem perdendo fôlego ao longo de 2025. Um levantamento inédito da plataforma Valor One, criado pelo Valor Econômico para orientar decisões de investidores, mostra que a mediana do potencial de alta das ações — indicador que mede o ponto central das projeções de valorização — caiu para 18% em setembro. O dado representa uma forte desaceleração em relação aos 24% registrados em agosto e aos 34% observados no fim de julho.

O número está muito próximo da mínima de 17% registrada em maio, desde que a pesquisa começou a ser feita pelo Valor Data, em dezembro de 2024. Na primeira edição do levantamento, o potencial mediano de alta estava em 62%, o que indica um ambiente de expectativas bem mais otimista. A queda nas projeções, segundo analistas, é explicada pelo desempenho recente da bolsa: com o Ibovespa acumulando quase 18% de valorização no ano e operando próximo de seu recorde histórico, o desconto entre o preço atual das ações e o preço considerado “justo” pelos especialistas diminuiu, reduzindo naturalmente o espaço para novos ganhos.

O levantamento mensal considera estimativas de preço-alvo feitas por bancos e corretoras como Ágora Investimentos, Ativa, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Itaú BBA, Safra, Santander, Terra Investimentos, UBS BB e XP. Essas projeções levam em conta fluxos de caixa descontados, múltiplos de mercado e outras métricas financeiras para avaliar o potencial de valorização dos papéis no horizonte de 12 meses. A mediana geral do mercado é calculada com base nas ações acompanhadas por pelo menos três analistas.

Mesmo com o cenário de projeções mais cauteloso, algumas empresas continuam se destacando entre aquelas com maior potencial de valorização. Segundo o levantamento de setembro, as ações da Raízen lideram o ranking, com projeção média de alta de 129%. Em seguida aparecem Braskem (104%), Companhia Brasileira de Alumínio (101%), Azzas 2154 (69%) e Randon (66%).

No extremo oposto, algumas companhias registram expectativa de queda ou estabilidade no preço de suas ações. É o caso da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Cemig), com projeção de desvalorização de 22%, da Taesa (-5%), da Totvs (-4%) e da M. Dias Branco (-2%). Já a Sabesp deve permanecer praticamente estável, segundo o consenso dos analistas.

A desaceleração nas projeções ocorre em um momento em que investidores avaliam o impacto da valorização recente do mercado, as incertezas fiscais domésticas e o cenário global mais volátil. Ainda assim, mesmo com upside mais modesto, o potencial de alta de 18% sugere que ainda há espaço para ganhos seletivos, especialmente em empresas com fundamentos sólidos e negociadas com desconto em relação ao seu valor estimado.

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