As chamadas “criptos de dólar”, ou stablecoins, dominaram o mercado brasileiro de criptoativos no primeiro semestre de 2025, com destaque para o Tether (USDT) e o USD Coin (USDC). Juntas, as duas moedas digitais lastreadas no dólar movimentaram R$ 161,4 bilhões no período, o equivalente a 71% de todo o volume negociado no país, que somou R$ 227,4 bilhões, segundo dados mais recentes divulgados pela Receita Federal. O montante representa o mesmo volume registrado no segundo semestre de 2024 e um avanço de 20% em relação ao mesmo intervalo do ano passado.
O Bitcoin (BTC), criptoativo mais conhecido do mercado, ficou em segundo plano nas operações, com R$ 24,3 bilhões transacionados — cerca de 10,7% do total. Por ser cotado em dólar, o valor em reais pode variar conforme a taxa de câmbio, mesmo que a quantidade de Bitcoins negociados permaneça estável.
As plataformas de negociação nacionais — as chamadas exchanges — foram responsáveis por 68% do volume total, movimentando cerca de R$ 154 bilhões entre janeiro e junho. Já as corretoras estrangeiras acessadas por investidores brasileiros responderam por R$ 28,25 bilhões, sendo R$ 1,8 bilhão de operações feitas por pessoas físicas e R$ 26,4 bilhões por pessoas jurídicas. O mercado P2P (peer-to-peer), no qual as negociações ocorrem diretamente entre compradores e vendedores sem intermediação, somou R$ 45,1 bilhões, dos quais R$ 44,1 bilhões vieram de empresas e R$ 1 bilhão de investidores individuais.
Os dados da Receita também mostram mudanças importantes na base de investidores declarantes. Em dezembro de 2024, havia 6,2 milhões de CPFs e 86,6 mil CNPJs negociando criptoativos. Em janeiro, os números permaneceram elevados — 6 milhões de pessoas físicas e 95,7 mil jurídicas —, mas caíram significativamente em junho, para 1,3 milhão de CPFs e 24,6 mil CNPJs. A queda está associada à atualização da Instrução Normativa nº 1.888/2019, que passou a exigir mais detalhes por operação e maior integração entre as exchanges e o sistema da Receita, eliminando duplicidades e corrigindo registros anteriores.
Entre os ativos mais negociados do semestre, o Tether manteve a liderança isolada, com R$ 152,3 bilhões movimentados, seguido pelo Bitcoin (R$ 24,3 bilhões) e pelo USD Coin (R$ 9,1 bilhões). Ethereum (R$ 7,4 bilhões), Solana (R$ 4,2 bilhões) e XRP (R$ 3,6 bilhões) completam a lista dos criptoativos mais populares entre os investidores brasileiros.
Os dados oficiais são baseados nas informações enviadas pelas exchanges e pelos próprios investidores à Receita Federal e podem ser ajustados retroativamente ou revisados em decorrência de retificações.