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China impõe ritmo à corrida por terras raras e amplia pressão nas negociações globais

EUA, Japão e China disputam o controle das terras raras em um cenário de insegurança global e reposicionamento estratégico

A disputa pelo controle das terras raras, grupo de 17 minerais essenciais à indústria de alta tecnologia e à transição energética, tornou-se o principal instrumento de poder no atual tabuleiro geoeconômico global. A avaliação é de Mônica Araújo, economista-chefe da InvestSmart XP, que vê no tema um eixo central das relações entre potências como Estados Unidos, China e Japão — e, de forma crescente, também o Brasil.

Segundo Mônica, os recentes movimentos internacionais mostram como esses minerais se tornaram parte estratégica da política econômica global. “Seja pelo acordo entre EUA e Japão para fortalecer as cadeias de suprimento, seja pelas negociações que os americanos mantêm com a China e o Brasil, as terras raras se consolidaram como o principal instrumento de poder na geoeconomia atual”, afirmou.

A China, que detém as maiores reservas conhecidas e domina as etapas de produção e refino, tem utilizado essa vantagem de forma calculada nas negociações internacionais. Nos últimos meses, Pequim impôs novas limitações e exigências burocráticas para a exportação desses elementos, provocando insegurança entre países dependentes do fornecimento. “O conjunto de 17 elementos químicos que compõe as terras raras é crucial para setores como defesa, energia renovável, veículos elétricos e tecnologia de ponta. Essa dependência cria vulnerabilidades estruturais”, explica Mônica.

Ela destaca ainda que o uso da geoeconomia como lógica de poder tende a se intensificar. “Em um cenário de instituições globais enfraquecidas, o uso de instrumentos econômicos para exercer influência e estabelecer acordos desequilibrados tende a crescer. A geoeconomia, mais do que nunca, é o campo onde as disputas de poder se traduzem em resultados concretos”, afirma.

Para a economista, o atual “momento das terras raras” reflete um desequilíbrio estrutural entre o principal fornecedor global e a demanda crescente, agravado pela dificuldade de abrir novas frentes de produção em curto prazo. “Esse descompasso amplia a pressão sobre as cadeias produtivas e confere à China um poder de barganha que transcende o aspecto comercial, afetando decisões estratégicas em escala mundial”, conclui Mônica Araújo.

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