O Bradesco encerrou o terceiro trimestre de 2025 com lucro recorrente de R$ 6,2 bilhões, um avanço de 18,8% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado, divulgado nesta quarta-feira (29), ficou dentro das projeções do mercado, que esperava R$ 6,1 bilhões, segundo levantamento da Bloomberg.
Após um período de resultados abaixo dos concorrentes e aumento na inadimplência, o banco vem adotando uma estratégia de recuperação gradual, focada na qualidade dos ativos e na rentabilidade sustentável. O CEO Marcelo Noronha tem repetido a expressão “step by step” para definir essa retomada, que começa a surtir efeito. As ações do Bradesco acumulam alta de 60% no ano, recuperando parte da confiança dos investidores.
O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) atingiu 14,7%, alta de 2,3 pontos percentuais em 12 meses e de 0,1 ponto no trimestre. Apesar do avanço, o índice ainda fica abaixo do registrado pelo Santander Brasil, que alcançou 17% no mesmo período.
De acordo com Noronha, a prioridade segue sendo a disciplina na concessão de crédito. “Nossa inadimplência permanece sob controle. A qualidade dos nossos ativos é inegociável, cláusula pétrea”, afirmou. A carteira de crédito totalizou R$ 1 trilhão, com crescimento de 9,6% no trimestre e 1,6% no acumulado do ano. O avanço foi impulsionado pelos segmentos de micro, pequenas e médias empresas e pelas operações com pessoas físicas.
Mesmo com o aumento das concessões, o banco elevou suas provisões para perdas (PDD) em 20% no ano e 5,1% no trimestre, chegando a R$ 8,5 bilhões. A medida reflete uma postura mais cautelosa diante do cenário de juros elevados, tendência também observada no Santander. Segundo o Bradesco, as despesas com provisões cresceram devido a operações específicas do segmento de atacado, mas o custo de crédito caiu 0,1 ponto percentual no trimestre, sinalizando maior eficiência nas cobranças.
A inadimplência acima de 90 dias se manteve estável, em 5,4%, com leve queda de 0,1 ponto percentual em 12 meses. Já as receitas totais chegaram a R$ 35 bilhões, avanço de 13,1% em relação ao mesmo trimestre de 2024 e de 3% na comparação com o segundo trimestre de 2025.
As receitas de prestação de serviços subiram 6,9% em um ano, alcançando R$ 10,5 bilhões, impulsionadas por consórcios, cartões, operações de crédito e administração de fundos. A margem financeira total somou R$ 18,7 bilhões, alta de 16,9% no ano, enquanto a margem com clientes avançou 19%, para R$ 18,6 bilhões.
Por outro lado, a margem com mercado caiu 65% em relação ao trimestre anterior, para R$ 99 milhões. As despesas operacionais atingiram R$ 16 bilhões, aumento de 9,6% em 12 meses, em linha com os investimentos realizados pelo banco e suas coligadas.
O resultado das operações de seguros, previdência e capitalização foi um dos destaques do trimestre, com alta de 21,7%, bem acima da estimativa inicial, impulsionado pela expansão das carteiras e pela melhora das margens.
Com o resultado, o Bradesco consolida sinais de recuperação, sustentando crescimento controlado da carteira de crédito, maior eficiência operacional e rentabilidade em trajetória ascendente, ainda que em ritmo moderado.
| Indicador | Guidance 2025 | Resultado Realizado 9M25 | 
|---|---|---|
| Carteira de Crédito Expandida | 4% a 8% | 9,6% | 
| Margem Financeira Líquida (Margem Financeira Total – Despesa de PDD Expandida) | R$ 37 bi a R$ 41 bi | R$ 29,6 bi | 
| Receitas de Prestação de Serviços | 5% a 9% | 9,2% | 
| Despesas Operacionais (Pessoal + Administrativas + Outras) | 5% a 9% | 10,5% | 
| Resultado das Operações de Seguros, Previdência e Capitalização | 9% a 13% | 21,7% | 
 
            








