A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (30) a segunda fase da operação que investiga o ataque hacker ocorrido em junho, responsável por desviar cerca de R$ 813 milhões de contas utilizadas por bancos e instituições de pagamento para administrar transferências via Pix.
A ação, conduzida em parceria com o Ministério Público de São Paulo, cumpre 42 mandados de busca e apreensão e 26 de prisão — sendo 19 preventivas e sete temporárias — em cidades de nove estados, incluindo Goiânia, Brasília, Itajaí, Balneário de Camboriú, São Paulo, Praia Grande, Belo Horizonte, Betim, Uberlândia, João Pessoa e Camaçari. Também foram determinadas medidas de bloqueio de bens e valores que somam R$ 640 milhões.
Segundo a Polícia Federal, parte dos investigados encontra-se fora do país, e as prisões internacionais estão sendo executadas simultaneamente. Por isso, a operação conta com o apoio da Interpol, da Brigada Central de Fraudes Informáticos da Polícia Nacional da Espanha e de forças policiais da Argentina e de Portugal, por meio de cooperação internacional.
Os alvos são investigados pelos crimes de organização criminosa, invasão de dispositivo informático, furto mediante fraude eletrônica e lavagem de dinheiro.
O ataque é considerado o maior já registrado no Brasil envolvendo o sistema de pagamentos instantâneos. Segundo o Grupo FS, empresa brasileira especializada em segurança cibernética, o incidente representou um marco negativo para o setor financeiro.
Os recursos desviados estavam em contas de clientes da empresa C&M Software, que presta serviços de tecnologia para bancos e instituições de pagamento, operando como intermediária no Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) — o mesmo ambiente que abriga as operações do Pix.
A C&M Software administra a troca de informações entre diferentes instituições financeiras e é responsável por integrar sistemas de liquidação e compensação. Entre seus principais clientes estão grandes bancos, como Bradesco e XP, que informaram não terem sido afetados diretamente pelo ataque.
A investigação da PF aponta que o grupo criminoso agiu com alto grau de sofisticação, utilizando brechas em sistemas de autenticação e ocultando o dinheiro em contas de empresas de fachada, algumas delas registradas no exterior.
As autoridades afirmam que o trabalho de rastreamento segue em andamento e que novas fases da operação não estão descartadas.










