A nova geração do Mecanismo Especial de Devolução do Pix, conhecida como MED 2.0, passa a ficar disponível neste domingo para as instituições financeiras que optarem por adotar imediatamente o sistema. A atualização representa um avanço relevante na forma como o Banco Central estrutura a devolução de valores em situações envolvendo fraude, golpe ou coerção de usuários, ao ampliar a capacidade de rastreamento do caminho percorrido pelos recursos após a transferência contestada.
O MED atual limita a análise à primeira conta que recebe os valores oriundos do crime, o que muitas vezes inviabiliza o retorno do dinheiro à vítima. Isso ocorre porque, em poucos segundos, fraudadores costumam pulverizar os montantes para diversas contas, criando uma cadeia de transações que dificulta bloqueios posteriores. A nova versão foi projetada justamente para alcançar essas camadas adicionais, identificando contas subsequentes envolvidas na circulação dos recursos e permitindo uma atuação mais ampla das instituições.
Com o MED 2.0, será possível rastrear as movimentações por até 11 dias após a formalização da contestação. Nesse período, as instituições poderão analisar a sequência de transferências, bloquear valores localizados em contas intermediárias e, quando possível, proceder à devolução para a origem. De acordo com o diretor de organização do sistema financeiro e de resolução do Banco Central, Renato Gomes, essa ampliação de alcance aumenta a eficiência do mecanismo ao lidar com estratégias cada vez mais sofisticadas utilizadas por criminosos.
A adoção do MED 2.0 é facultativa neste primeiro momento e dependerá da decisão de cada instituição participante do ecossistema do Pix. No entanto, o Banco Central afirma esperar que um número expressivo de bancos e fintechs passe a operar a nova ferramenta desde já, dada a relevância do tema para a segurança dos usuários. O uso se tornará obrigatório a partir de 2 de fevereiro de 2026, prazo estabelecido para que todas as instituições façam os ajustes necessários em seus sistemas.
O avanço do MED 2.0 acompanha o crescimento do Pix e as mudanças no perfil das ocorrências registradas ao longo dos últimos anos. Ao permitir o bloqueio em múltiplas contas e ampliar o horizonte de tempo para a análise, o mecanismo busca oferecer uma resposta mais robusta às práticas de fraude digital, fortalecendo a proteção ao usuário e aprimorando a capacidade de reação do sistema financeiro frente a atividades ilícitas.









