Sobreviventes do mercado de livrarias estão experimentando crescimento significativo

A Leitura, de Minas, Travessa, do Rio, e Livraria da Vila, de São Paulo, vão na contramão das previsões e vêm em acelerada expansão

Enquanto algumas livrarias icônicas, como Saraiva e Cultura, encerraram suas operações devido à queda de receita e aos altos custos das lojas físicas, outras redes têm se expandido após superar essa crise. Observando as lições aprendidas com seus antigos concorrentes, essas redes estão trilhando novos caminhos e evitando os erros que levaram ao fechamento de algumas livrarias.

A Leitura, com sede em Minas Gerais, a Travessa, do Rio de Janeiro, e a Livraria da Vila, de São Paulo, estão contrariando as previsões e têm crescido consideravelmente nos últimos anos, enquanto as líderes de mercado anteriormente diminuíram. A ausência deixada pela Saraiva e Cultura contribuiu para esse fenômeno. Hoje, é comum encontrar lojas dessas redes ocupando espaços em shoppings que antes eram ocupados por Saraiva ou Cultura.

A Livraria Leitura liderou essa expansão, consolidando-se como a maior rede de livrarias do país, com 102 unidades, incluindo 29 abertas entre 2020 e 2022. A empresa já está presente em 22 Unidades da Federação e planeja expandir para 24 no próximo ano, com um investimento de R$ 18 milhões. A estratégia inclui a abertura de uma livraria com mais de mil metros quadrados em São Paulo no próximo ano.

Redes menores, como a Travessa e a Livraria da Vila, quase dobraram de tamanho nos últimos cinco anos, inaugurando novas unidades em locais estratégicos, enquanto evitam competir diretamente com o mercado digital. A tentativa de Saraiva e Cultura de acompanhar as promoções da Amazon no Brasil foi uma das principais razões de seu fracasso. Essas redes menores mantêm o foco na experiência do cliente, investindo em arquitetura, acervo diversificado e atendimento de qualidade para manter a atratividade de suas lojas físicas.

A estratégia geral tem sido adotar espaços menores com cafés, funcionários apaixonados por livros, áreas de leitura e serviços de cópia disponíveis para o público. As grandes megalojas de até quatro mil metros quadrados não são mais consideradas sustentáveis devido à concorrência do comércio online. Além disso, o espaço físico das livrarias é importante para as editoras lançarem autores menos conhecidos, servindo como uma vitrine crucial para o mercado.

As empresas também têm se concentrado em atrair o público infantojuvenil, reconhecendo o interesse crescente das novas gerações pela leitura, o que demonstra que os livros ainda têm um lugar importante em nossa cultura.

Eventos com autores dessas obras e a atuação de influenciadores de literatura em redes sociais movimentam as lojas. “Os títulos para esse público começaram, nos últimos três a quatro anos, a crescer muito”, diz Seibel. Para o presidente da Livraria da Vila, a manutenção do mercado livreiro também tem a função cultural de promover a renovação das gerações de leitores promovendo cursos, debates, eventos e rodas de conversa.