Banco do Brasil e Bradesco pretendem tirar Cielo da Bolsa de Valores

Em um comunicado relevante, o Banco do Brasil informou que seu conselho de administração aprovou o aumento da participação acionária indireta na Cielo para até 49,99%

Os controladores da Cielo, Banco do Brasil e Bradesco, decidiram lançar uma oferta pública de aquisição de ações (OPA) para retirar a credenciadora de cartões da bolsa de valores. Este movimento, antecipado pelo mercado há anos desde que a empresa perdeu participação para concorrentes como Stone e PagSeguro, surpreendeu pelo timing. A expectativa havia esfriado devido à recuperação dos resultados da empresa.

Ainda não há uma data definida para a OPA. O valor proposto por ação é de R$ 5,35 — acima do preço de fechamento dos papéis na última segunda-feira, que foi de R$ 5,03. O Bank of America foi contratado como avaliador independente para a operação. As ações da Cielo subiram 10,79% desde o início de 2024, mas caíram 52,55% nos últimos cinco anos.

Em um comunicado relevante, o Banco do Brasil informou que seu conselho de administração aprovou o aumento da participação acionária indireta na Cielo para até 49,99%. O comunicado do Bradesco não menciona uma mudança na participação.

Com a OPA, a Cielo passará por uma conversão de registro de companhia aberta na CVM, mudando da categoria “A” para “B”, que inclui emissores que possuem valores mobiliários, exceto ações. "O pedido de registro da OPA na CVM será feito dentro do prazo estabelecido pela regulamentação vigente", afirmou o Banco do Brasil.

A recompra de ações segue a estratégia adotada por outros grandes bancos com suas credenciadoras. No passado, o Santander listou sua adquirente, a Getnet, na bolsa, mas a retirou pouco depois. O mesmo ocorreu com a Rede, do Itaú, que teve seus papéis negociados no mercado nos anos 2000.

A participação da Cielo tem diminuído ao longo de vários trimestres, e participantes do mercado e analistas apontam para uma postura competitiva mais agressiva das credenciadoras ligadas a bancos que não estão listadas na bolsa, como a Rede e a Getnet. No segundo trimestre do ano passado, a Cielo perdeu a liderança na adquirência para a Rede.

Um executivo familiarizado com as discussões revelou que o Banco do Brasil e o Bradesco já vinham considerando a possibilidade de fechar o capital da Cielo e, após extensas negociações, chegaram a um acordo, mesmo com a valorização das ações da empresa nos últimos meses. Atualmente, a credenciadora possui um valor de mercado de R$ 13,7 bilhões, sendo que o Bradesco detém 30,06% de participação, o Banco do Brasil possui 28,65% e 40,57% estão em circulação no mercado.

As discussões ocorreram ao longo de vários anos, atravessando diferentes governos, com momentos de maior ou menor intensidade. Embora tenha havido tentativas de negociação na gestão anterior, as conversas parecem ter progredido melhor agora, segundo uma fonte próxima ao assunto."