Eataly é vendido para o fundo Wings

O fundo é composto por pouco mais de 60 indivíduos, incluindo médicos, publicitários e contadores, além de um veículo de multi family office


A SouthRock conseguiu retirar o Eataly do processo de recuperação judicial no final do ano passado e agora finalizou a venda do negócio. O Pipeline descobriu que o fundo Wings já assumiu a operação e iniciou as negociações com fornecedores e outros credores.

O fundo é composto por pouco mais de 60 indivíduos, incluindo médicos, publicitários e contadores, além de um veículo de multi family office. Apesar de não terem experiência no setor de alimentação, os investidores do Wings trouxeram Marcos Calazans para gerir o Eataly, um executivo que já havia tentado adquirir o ativo anteriormente.

A Panza&Co, então proprietária do Café Suplicy, Fifties e P.F. Chang's, submeteu a compra do Eataly ao Cade em fevereiro de 2022, mas foi ultrapassada pela SouthRock no final do processo, enquanto ainda estava organizando o financiamento. Em agosto daquele ano, Ken Pope anunciou a aquisição. (Com a pandemia, a Panza&Co encerrou as operações das outras marcas.)

Calazans assumiu a posição de CEO da operação, que antes era ocupada por Luis Felipe Campos. As negociações foram conduzidas pelo CFO da SouthRock, Fabio Rohr - Pope não participou das conversas, embora tenha assinado toda a documentação, conforme uma fonte.

O fundo adquiriu o ativo por R$ 15 milhões e também assumiu uma dívida de R$ 45 milhões. O montante da dívida é significativo, considerando que se trata apenas de uma loja no Brasil. No entanto, segundo fontes familiarizadas com o negócio, apenas cerca de R$ 15 milhões estão relacionados diretamente à operação, como estoque.

O saldo inclui impostos atrasados e pagamentos de royalties para a matriz italiana, que os novos proprietários devem renegociar. Os empréstimos bancários, com instituições como Pine e Santander, já foram pagos. Uma fonte próxima ao fundo afirma que há muito trabalho pela frente para recuperar a loja e expandi-la, mas que já foram identificadas várias iniciativas para o plano de ação.

Um dos desafios que os novos proprietários terão que enfrentar é o pedido de falência do negócio, como relatado pelo Valor. Segundo uma fonte próxima ao fundo, a Winebrands é um dos menores credores de bebidas, com cerca de R$ 80 mil a receber - a Mistral, por exemplo, teria R$ 500 mil -, mas espera-se um acordo com o fornecedor. No entanto, a Winebrands afirma nos autos que o Eataly tem 634 protestos na Justiça e dívidas recentes apenas com fornecedores totalizando R$ 8 milhões.

A venda foi concluída antes da homologação da recuperação judicial da controladora e de outras empresas do grupo. Apesar de o Eataly não estar envolvido no processo, o administrador judicial determinou, após o deferimento, que as empresas em recuperação não poderiam vender participações acionárias a partir daquele momento.

No final de 2022, também houve uma mudança na matriz do Eataly. O fundo europeu de private equity Investindustrial comprou o controle da operação, que antes pertencia à família fundadora, os Farinetti.

(Com informações do Pipeline)