Ata do Copom aponta que Selic pode subir caso BC considere necessário

O Copom vê o cenário atual como desafiador, marcado por projeções mais elevadas e maiores riscos para a alta da inflação

O Comitê de Política Monetária (Copom) vê o cenário atual como desafiador, marcado por projeções mais elevadas e maiores riscos para a alta da inflação. O Comitê reforça que “não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”.

Essa informação consta na ata da reunião realizada entre os dias 30 e 31 de julho, na qual o Copom decidiu, por unanimidade, manter a Selic em 10,5% ao ano.

Política Monetária Contracionista

De acordo com a ata da reunião, a política monetária deve permanecer contracionista por tempo suficiente para consolidar não apenas o processo de desinflação, mas também a ancoragem das expectativas em torno da meta. “O Comitê se manterá vigilante e relembra que eventuais ajustes futuros na taxa de juros serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta.”

Motivos para Cautela

O Copom cita tanto aspectos internos quanto externos como razões para manter a cautela. No cenário doméstico, “o mercado de trabalho e a atividade econômica, em particular o consumo das famílias, têm surpreendido e divergido do cenário de desaceleração previsto”.

Além disso, houve uma nova elevação das projeções de inflação para o horizonte relevante de política monetária, apesar da elevação na trajetória da taxa Selic extraída da pesquisa Focus. As expectativas de inflação também apresentaram desancoragem adicional desde a reunião anterior.

No cenário externo, a situação permanece adversa, com incerteza sobre os impactos e a extensão da flexibilização monetária nos Estados Unidos.

Risco Fiscal

O Comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e na disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia. Isso pode ter “impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”.

O Copom destacou a percepção recente dos agentes de mercado sobre o crescimento dos gastos públicos e a sustentabilidade do arcabouço fiscal vigente, juntamente com outros fatores, que têm impactado os preços de ativos e as expectativas.

“O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz o texto.

Sincronia entre Políticas Monetária e Fiscal

“Políticas monetária e fiscal síncronas e contracíclicas contribuem para assegurar a estabilidade de preços e, sem prejuízo de seu objetivo fundamental, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego", finaliza a ata.