Datafolha aponta que Brasil tem 4.678 tentativas de golpes financeiros por hora

Pesquisa do Datafolha com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que as tentativas de golpes em ambientes virtuais têm causado prejuízos bilionários

Um estudo recente realizado pelo Datafolha em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou dados alarmantes sobre a frequência de tentativas de golpes financeiros no Brasil. De acordo com a pesquisa, divulgada nesta terça-feira (13), mais de 4.600 brasileiros são alvos de tentativas de fraudes a cada hora.

O levantamento, que entrevistou 2.508 pessoas de diversas regiões do país entre os dias 11 e 17 de junho, utilizou esses dados para extrapolar o número de vítimas em todo o território nacional. A pesquisa considerou a proporção de pessoas que relataram terem sido vítimas de crimes contra o patrimônio nos últimos 12 meses, comparando com a população total do Brasil.

Além das tentativas de golpes financeiros, a pesquisa também identificou que cerca de 2.506 brasileiros sofrem golpes em compras online a cada hora, pagando por produtos que nunca recebem. Esse fenômeno evidencia o crescimento das fraudes no comércio eletrônico, um reflexo das mudanças nos hábitos de consumo, especialmente após a pandemia.

Esses e outros dados serão apresentados no 18º Encontro Nacional do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que ocorrerá nesta quarta-feira (14) em Recife. O evento é uma oportunidade para discutir a segurança pública no país, com foco especial na crescente ameaça dos crimes virtuais.

Impacto Econômico e Subnotificação

A pesquisa do Datafolha estimou que os 13 tipos de crimes contra o patrimônio investigados causaram um prejuízo de aproximadamente R$ 186 bilhões à população brasileira. Esse valor considera tanto o lucro obtido pelos criminosos quanto os gastos das vítimas, como a substituição de celulares roubados, por exemplo.

Um dos pontos mais preocupantes destacados pelo instituto é a subnotificação desses crimes. A pesquisa revelou que pouco mais da metade dos entrevistados (55%) registrou um Boletim de Ocorrência após o furto de um celular. A situação é ainda mais crítica em casos de golpes com Pix ou boletos falsos, onde apenas 30% das vítimas procuraram as delegacias para formalizar a queixa.

Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, expressou preocupação com essa tendência de subnotificação, que pode indicar uma banalização dos crimes virtuais por parte da população. “Um quarto da população com 16 anos ou mais no Brasil já tem convivido com esse fenômeno de tentativas de golpes, ou seja, a população hoje vive num ambiente bastante perigoso”, afirmou Lima em entrevista à Folha de S. Paulo. “Isso virou um inferno na nossa vida, é um fenômeno banalizado.”