Mercado reage a declarações de Campos Neto e taxas dos DIs de curto prazo caem

Com a queda das taxas curtas, as taxas longas registraram aumentos expressivos, com algumas vencendo 10 pontos-base

As taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs) de curto prazo fecharam em queda nesta terça-feira (20), refletindo uma redução nas apostas de que o Banco Central elevará a taxa Selic em setembro. A movimentação foi influenciada por declarações do presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, que adotou um tom mais cauteloso em relação à política monetária.

Com a queda das taxas curtas, as taxas longas registraram aumentos expressivos, com algumas vencendo 10 pontos-base, resultando em uma inclinação acentuada na curva a termo. No final da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2025 caiu para 10,795%, uma queda de 4 pontos-base em relação ao ajuste anterior de 10,839%. Já a taxa do DI para janeiro de 2026 recuou para 11,515%, também uma queda de 4 pontos-base.

Entre os contratos mais longos, as taxas subiram. O DI para janeiro de 2031 avançou para 11,48%, um aumento de 10 pontos-base, enquanto o contrato para janeiro de 2033 subiu para 11,46%, também uma elevação de 10 pontos-base.

As declarações de Campos Neto em entrevista ao jornal O Globo, onde ele afirmou que o Banco Central subirá a Selic se necessário, mas que o cenário internacional havia melhorado, influenciaram diretamente os negócios com DIs. Campos Neto destacou que, enquanto o mercado espera uma alta dos juros, muitos economistas não preveem esse movimento para 2024, enfatizando a necessidade de "calma" e "cautela" em tempos de volatilidade.

Esses comentários levaram a uma redução das expectativas de alta da Selic em setembro, como observado por Matheus Spiess, analista da Empiricus Research: "O Campos Neto deixou a porta aberta. Tem muito dado para sair até o próximo encontro do Copom." A percepção de uma postura mais branda por parte do presidente do BC fez a taxa do DI para janeiro de 2025 cair para 10,78% ainda na primeira meia hora de negociações.

Entretanto, a curva a termo brasileira ainda precifica uma probabilidade de 76% de uma alta de 25 pontos-base da Selic em setembro, uma redução em comparação à postura mais dura refletida no mercado na véspera.

O movimento no Brasil contrastou com o cenário internacional, onde os rendimentos dos Treasuries dos Estados Unidos recuaram em toda a curva, com investidores aguardando a divulgação da ata do último encontro do Federal Reserve e o discurso de Jerome Powell, chair do Fed, previsto para sexta-feira.