Bancos japoneses desenvolvem sistema de pagamentos internacionais instantâneos com Blockchain

A iniciativa, conforme apurado pelo jornal Nikkei Asia, visa a implementação comercial do sistema já no próximo ano

Os três principais bancos do Japão — Mitsubishi UFJ Financial Group, Mizuho Financial Group e Sumitomo Mitsui Financial Group — estão trabalhando em uma nova estrutura para pagamentos internacionais instantâneos utilizando tecnologia blockchain, aproveitando a infraestrutura de pagamento existente. A iniciativa, conforme apurado pelo jornal Nikkei Asia, visa a implementação comercial do sistema já no próximo ano.

Os testes do novo sistema começarão no outono japonês, envolvendo não apenas os três bancos, mas também outras dez instituições financeiras, tanto do Japão quanto do exterior. Inicialmente, a configuração será voltada para transações entre empresas, como liquidações comerciais, com potencial para expandir o uso ao consumidor no futuro.

Atualmente, os pagamentos internacionais são processados por meio do sistema Swift, que envolve a passagem de transações por vários bancos correspondentes. Dependendo da complexidade da operação, esse processo pode ser concluído em menos de uma hora ou demorar até um mês, especialmente em casos que requerem verificações contra lavagem de dinheiro ou que envolvam informações incompletas.

A nova estrutura proposta pelos bancos japoneses utilizará stablecoins — criptomoedas atreladas ao valor de moedas fiduciárias — para permitir transferências mais rápidas e seguras por meio da rede Swift. As stablecoins serão enviadas diretamente entre os bancos, e as transações poderão ser concluídas em menos de um segundo. Ao manter a infraestrutura Swift, os bancos evitam a necessidade de investir em novos sistemas, o que pode facilitar a adesão ao novo método. As empresas poderão continuar utilizando os serviços bancários tradicionais para lidar com suas transações, agora aprimoradas com o uso de blockchain.

Os custos para os clientes serão limitados às taxas de câmbio e ao uso da tecnologia blockchain. Entre 2013 e 2019, as taxas médias de uma transferência internacional de US$ 200 entre bancos chegaram a 17,5%, segundo dados do Banco do Japão (BoJ). Com o novo sistema, essas taxas poderão ser reduzidas para menos de 10% em mercados emergentes, onde os custos de transação são particularmente altos.

A plataforma de blockchain Progmat, apoiada pelos três grandes bancos japoneses, fará parceria com a Datachain, empresa de desenvolvimento de blockchain sediada em Tóquio, e com a Swift para criar o novo mecanismo de pagamento. Stablecoins serão emitidas e utilizadas para transações interbancárias, com base nessa estrutura. A escolha da Swift para trabalhar com a equipe japonesa deve-se, em parte, à avançada estrutura legal do país para pagamentos eletrônicos, o que favorece o desenvolvimento da tecnologia.

Em 2022, o mercado global de pagamentos internacionais foi avaliado em US$ 182 trilhões, de acordo com a Allied Market Research. Líderes do G20 já manifestaram a necessidade de melhorar os custos e a velocidade das remessas internacionais, o que pressiona o desenvolvimento de sistemas mais eficientes. Outras iniciativas também estão em andamento, como a rede de pagamento internacional baseada em blockchain criada por JPMorgan, Standard Chartered e DBS Group Holdings, que lida com transações em dólar americano, euro e dólar de Cingapura.

Com o aumento da competição para estabelecer um sistema de pagamentos internacionais mais rápido e acessível, o esquema mais simples e com menores custos de investimento pode se destacar como padrão da indústria. A proposta dos bancos japoneses, que requer baixo investimento inicial, pode ter uma vantagem nesse cenário. Contudo, para que o sistema funcione, é essencial que tanto os bancos remetentes quanto os destinatários estejam preparados para lidar com stablecoins, tornando a adoção mais ampla dessa tecnologia um passo fundamental para sua viabilidade a longo prazo.

Assim, o Japão se posiciona na vanguarda da modernização dos pagamentos internacionais, combinando inovação tecnológica com a robustez da infraestrutura financeira existente.