Haddad defende cautela em intervenções cambiais e aborda cenário econômico global

O ministro ressaltou ainda o impacto das condições econômicas internacionais sobre o Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que, em um sistema de câmbio flutuante, o Banco Central (BC) tem a liberdade de realizar intervenções no mercado, mas destacou que essas ações devem ser feitas com parcimônia. Segundo o ministro, o BC "tem feito muito pouco (intervenções) e tem que ser parcimonioso mesmo nisso", reforçando a importância de uma abordagem cuidadosa.

Haddad também comentou sobre a política monetária dos Estados Unidos, criticando a demora do Federal Reserve (Fed) em reduzir as taxas de juros. "Muitos analistas previam o primeiro corte em março; nós, da Fazenda, esperávamos o primeiro corte em junho, mas ele não veio", afirmou o ministro, sublinhando a frustração com o ritmo de ajuste da política monetária norte-americana.

Impactos globais e desaceleração econômica

O ministro ressaltou ainda o impacto das condições econômicas internacionais sobre o Brasil. Ele mencionou o aumento dos juros no Japão e a desaceleração da economia chinesa como fatores que estão pressionando os mercados globais. "A desaceleração da China... houve uma queda nos preços das commodities, e as pessoas começam a falar não só de desaceleração, mas de uma possível retração da economia internacional", alertou Haddad, destacando que isso pode prejudicar países exportadores de commodities, como o Brasil.

Tributação de grandes fortunas no G20

Quando questionado sobre a possibilidade de taxar grandes fortunas, Haddad explicou que essa medida, quando implementada isoladamente, não gerou os resultados esperados em outros países. Ele citou problemas como a fuga de capital e a mudança de domicílio fiscal como obstáculos a esse tipo de tributação. "Levamos ao G20 a proposta para que esse imposto sobre riqueza seja cobrado internacionalmente", afirmou o ministro, destacando a dificuldade de implementar essa política de maneira isolada.

Haddad concluiu que, para um imposto sobre grandes fortunas ser eficaz, ele precisaria ser parte de uma iniciativa coordenada globalmente, ressaltando a complexidade desse tema no cenário fiscal internacional.