Raízen capta US$ 1 bilhão no exterior em emissão de títulos verdes

A forte demanda, que ultrapassou US$ 3,5 bilhões, permitiu à empresa aumentar o montante e reduzir a taxa de remuneração em relação à emissão anterior

Pela segunda vez em 2024, a Raízen voltou ao mercado internacional de títulos de dívida e captou US$ 1 bilhão, superando seu plano inicial de levantar US$ 750 milhões. A forte demanda, que ultrapassou US$ 3,5 bilhões, permitiu à empresa aumentar o montante e reduzir a taxa de remuneração em relação à emissão anterior, realizada em fevereiro, quando a companhia arrecadou US$ 1,5 bilhão.

Os novos títulos, classificados como "verdes", têm um prazo de 10 anos, e a Raízen se compromete a destinar o valor equivalente ao montante captado para projetos sustentáveis. Além disso, o dinheiro será utilizado para quitar dívidas e em fins corporativos gerais. A taxa de retorno (yield) é atrelada ao rendimento dos Treasuries (títulos do Tesouro americano), acrescido de um spread de 2,18% ao ano, abaixo da estimativa inicial de 2,5%, conforme fontes ligadas à operação.

Captações recentes e o mercado em alta

Em fevereiro, a Raízen havia emitido títulos em duas séries: uma de US$ 1 bilhão, com vencimento em dez anos e spread de 2,2% ao ano; e outra de US$ 500 milhões, com prazo de 30 anos e spread de 2,65%. A nova emissão segue a tendência observada no mercado de títulos de empresas brasileiras, com Petrobras e Eletrobras também captando recentemente, US$ 1 bilhão e US$ 750 milhões, respectivamente. Ambas as operações registraram alta demanda, com a oferta da Eletrobras sendo quase quatro vezes superada.

Segundo analistas de bancos de investimento, a janela de captações em setembro deve ser uma das mais movimentadas do ano para companhias brasileiras, impulsionada pelas taxas favoráveis e pela intenção de algumas empresas de antecipar ofertas devido à possível volatilidade nos mercados com a aproximação das eleições presidenciais nos Estados Unidos, marcadas para novembro.

América Latina aproveita o momento

Além das empresas brasileiras, companhias de outros países da América Latina também aproveitaram o cenário favorável. Recentemente, foram anunciadas captações da Edenor (Argentina) e da Fiemex (México), ambas do setor de energia. A petrolífera argentina YPF captou US$ 500 milhões no início do mês, enquanto a chilena Sociedad Química y Minera e o BBVA México também participaram de ofertas de títulos no exterior.

Na operação da Raízen, participaram os bancos Citi, Itaú BBA, Morgan Stanley e Santander, destacando o interesse crescente de instituições financeiras em apoiar emissões sustentáveis.