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O vice-presidente Geraldo Alckmin disse acreditar que o dólar vai se acomodar em patamares mais baixos depois que o Congresso aprovar o pacote fiscal enviado pelo governo ao Parlamento. Para Alckmin, o mercado entenderá que as medidas visam cortar gastos no curto, médio e longo prazos, e ficará mais claro para os agentes que o governo cumprirá o déficit zero previsto no arcabouço fiscal.
A moeda americana ultrapassou a barreira dos R$ 6 depois que o governo anunciou, na última quinta-feira (28), as medidas de austeridade que enviaria ao Congresso. O anúncio foi feito em conjunto com a isenção de imposto de renda para quem recebe até R$ 5 mil, o que gerou no mercado a sensação de que o governo não está verdadeiramente preocupado com o aspecto fiscal. Somado a isso, declarações e sinalizações protecionistas do futuro presidente dos EUA, Donald Trump, contribuíram para fortalecer o dólar.
"O câmbio tem um componente interno e um componente externo. Ontem, no mundo inteiro, tivemos um estresse maior por componente externo. Por isso, essas coisas são transitórias. O câmbio é flutuante, do mesmo jeito que ele sobe, ele cai", disse Alckmin.
"Em relação ao componente interno, eu acho que vai ficar claro, e se o Congresso der uma resposta rápida neste mês de dezembro aprovando as medidas para cumprir o arcabouço fiscal, [... que o pacote] não só zera o déficit de agora e já prevê uma redução de despesas também nos próximos anos. Eu acho que à medida que isso ficar claro, nós devemos ter uma acomodação do dólar, do câmbio, mais baixo."
Ontem, o governo encaminhou ao Congresso uma proposta de emenda à Constituição (PEC) contendo medidas como mudanças nas regras do Benefício de Prestação Continuada (BPC), do abono salarial e do Fundo de Manutenção da Educação Básica (Fundeb). Além disso, um trecho do texto visa combater os supersalários no funcionalismo público dos Três Poderes.
Na última sexta-feira (29), o Planalto já havia enviado ao Congresso um projeto de lei (PL) e um projeto de lei complementar (PLP), como parte do pacote capitaneado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Os textos permitem o bloqueio das emendas parlamentares, um pente-fino no Benefício de Prestação Continuada (BPC) e no Bolsa Família e trazem regras para conter o crescimento dos gastos com salários e benefícios previdenciários dentro do novo arcabouço fiscal. (Com Valor Econômico)