Bancos americanos atingem nível recorde em ativos de curto prazo
Todos os grandes bancos, incluindo Citigroup, Bank of America e Wells Fargo, também registraram aumentos significativos em 2024

Os bancos americanos ultrapassaram a marca de US$ 1 trilhão em ativos destinados a negociações de curto prazo nos mercados no terceiro trimestre de 2024. Esse é o nível mais alto registrado nos últimos 16 anos, aproximando-se do pico alcançado no início de 2008, pouco antes da crise financeira global. O aumento reflete um movimento das maiores instituições financeiras em direção à reconstrução de suas operações de mercado, buscando maior lucratividade.

Exposição crescente a oscilações do mercado

Embora os bancos tenham aumentado suas operações em ativos financeiros, o crescimento exponencial nas participações também os torna mais vulneráveis às flutuações do mercado. O último pico desse nível, registrado em 2008, precedeu o colapso do setor imobiliário, a crise de crédito e a recessão que marcaram a economia global.

— Você está vendo o dinheiro que os bancos haviam deixado parado à margem fluindo recentemente para seus livros de negociação. É uma aposta em ativos financeiros, porque é lá que enxergam os retornos — afirmou Bill Moreland, CEO da BankRegData, que compila dados da Federal Deposit Insurance Corp. (FDIC).

A maior parte dessa atividade está concentrada nos maiores bancos dos EUA. O J.P. Morgan Chase lidera o setor, com US$ 506 bilhões em ativos para negociações no final do trimestre, quase metade do total do setor e um aumento significativo em relação aos US$ 329 bilhões registrados no início do ano.

Crescimento em ativos e mudanças no perfil de risco

Todos os grandes bancos, incluindo Citigroup, Bank of America e Wells Fargo, também registraram aumentos significativos em 2024. Goldman Sachs e Morgan Stanley, cujas receitas são mais dependentes de operações em Wall Street, estão no maior nível de ativos de negociação em anos.

O maior crescimento foi registrado em ações, com operadores do J.P. Morgan detendo US$ 190 bilhões, mais que o dobro dos US$ 85 bilhões registrados no início do ano. Além disso, houve um aumento em títulos lastreados por ativos (ABS), como dívidas de consumidores, cartões de crédito e financiamentos de veículos, setores em alta em Wall Street em 2024.

Apesar do aumento nos ativos, executivos e analistas afirmam que as operações atuais são menos arriscadas do que as anteriores à crise de 2008. A Lei Dodd-Frank e outras regulamentações subsequentes restringiram a especulação com recursos próprios e aumentaram os controles sobre as operações de risco.

Menor risco estrutural

As avaliações de Valor em Risco (VAR), que medem as perdas potenciais em um único dia de mercado, estão atualmente em níveis metade dos observados antes da crise financeira. Além disso, os ativos de negociação representam apenas 4% do total de ativos do setor bancário, comparados aos 8% de 2008.

— Em termos gerais, o negócio dos bancos hoje é vender valores mobiliários e investimentos para outros, em vez de mantê-los em carteira. Mas a atividade está em alta, e não dá para vender tudo o que você gostaria — observou Christopher Whalen, analista bancário do Institutional Risk Analyst.

Perspectivas para o setor

Embora o aumento na atividade de negociação seja um reflexo de estratégias para impulsionar receitas, a concentração em ativos financeiros expõe os bancos a maior volatilidade em um cenário global incerto. O movimento destaca o equilíbrio delicado entre lucratividade e risco, enquanto o setor busca navegar as regulamentações pós-crise e a complexidade dos mercados financeiros modernos.

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