BC estima fluxo mensal de até R$ 30 bilhões para sites de apostas, revela secretário em CPI
O BC publicou, em setembro do ano passado, uma análise técnica que apontou que beneficiários do Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões via Pix para empresas de apostas virtuais em agosto de 2024

O Banco Central (BC) estima que o fluxo mensal de dinheiro enviado para sites de apostas online no Brasil gira entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões, segundo revelou o secretário-executivo da autarquia, Rogério Lucca, durante sessão da CPI das Bets, realizada nesta terça-feira (9) no Senado Federal. Ele participou da audiência ao lado do presidente do BC, Gabriel Galípolo, e da chefe do Departamento de Supervisão de Conduta, Juliana Sandri.

Lucca explicou que esse montante representa valores transferidos por apostadores às plataformas, dos quais uma parte retorna aos usuários. No início dos estudos, o Banco Central estimava um percentual de 85% de retorno, mas após diálogos com o Ministério da Fazenda e a Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), concluiu-se que a estimativa estava subestimada. Hoje, o percentual de devolução é calculado entre 93% e 94%.

Esses dados reforçam uma análise divulgada pelo BC em setembro de 2024, que identificou R$ 3 bilhões enviados via Pix a sites de apostas apenas por beneficiários do Bolsa Família em agosto daquele ano. O relatório acendeu um alerta sobre os impactos econômicos e sociais do uso de recursos em jogos de azar, principalmente entre populações mais vulneráveis.

“Durante este ano, de janeiro a março, esse valor que a gente acompanha para efeito de atividade gira em torno de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões por mês, ratificando aquilo que a gente tinha estimado no final do ano passado”, afirmou Lucca.

Com a regulamentação do setor a partir de janeiro de 2025, as casas de apostas passaram a operar com contas bancárias específicas e Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), o que permitiu ao Banco Central acesso a dados mais precisos sobre as movimentações financeiras dessas empresas.

Inadimplência e risco financeiro

Durante a sessão, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, também chamou atenção para o aumento do risco de inadimplência entre pessoas que realizam apostas com frequência. Segundo ele, bancos já consideram o comportamento de apostadores um fator de risco na concessão de crédito.

“No final do dia, acaba saindo um custo mais elevado para essas pessoas que tomam empréstimo já de antemão na análise”, alertou Galípolo.

Ele também reforçou o compromisso do Banco Central com a segurança do Pix, destacando que a infraestrutura digital precisa ser protegida para manter a confiança da população. Ao ser questionado sobre dados específicos de movimentações, o presidente do BC lembrou que as transações via Pix estão protegidas por sigilo bancário.

 

“Por essas razões, estou legalmente impedido de apresentar dados ou elementos que digam respeito às operações processadas no âmbito do Pix, incluindo os valores e as partes pagadoras e recebedoras envolvidas nos pagamentos”, esclareceu.

redacao
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