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Os fundos de índice, conhecidos como ETFs (Exchange-Traded Funds), têm se consolidado como uma das formas mais práticas e acessíveis para diversificação de carteira, oferecendo aos investidores a possibilidade de exposição a ações brasileiras e estrangeiras, renda fixa, criptomoedas e até ouro. Em 2024, essa função de diversificação tem se mostrado eficaz: dos 10 ETFs com mais investidores, sete registraram alta no ano, destacando-se por suas rentabilidades expressivas, que superaram os 35%.
Desempenho positivo dos ETFs internacionais
ETFs que replicam índices de mercados internacionais têm mostrado desempenho superior aos fundos de índices brasileiros. Entre os destaques estão fundos que acompanham o S&P 500 (como o IVVB11) e o Nasdaq-100 (NASD11), beneficiados pelo crescimento das big techs e pelo avanço das tecnologias de inteligência artificial (IA). O economista Rafael Panonko ressalta a importância do setor de tecnologia nas bolsas americanas, refletindo a popularização e a eficiência crescente das plataformas de IA. A alta dos ETFs IVVB11 e NASD11 foi de mais de 44% e 41%, respectivamente, acompanhando o crescimento expressivo das empresas de tecnologia.
Segundo Marcelo Nantes, chefe de renda variável da gestora ASA, a expectativa é que o setor continue a apresentar resultados positivos, principalmente com a redução dos juros nos EUA, o que incentiva a busca por ativos de maior risco, como ações. A queda dos juros reduz a atratividade da renda fixa, motivando os investidores a considerarem oportunidades no mercado de ações.
Alta das criptomoedas
Outro fator relevante foi o desempenho das criptomoedas no início do ano, beneficiando ETFs como BITH11, QBTC11 e HASH11, que registraram ganhos acima de 65%. Uma mudança regulatória nos Estados Unidos, com a autorização da SEC para o lançamento de ETFs com exposição direta ao bitcoin, aumentou a demanda por esses fundos, levando a um fluxo de capital significativo para criptomoedas. No entanto, após essa euforia inicial, o mercado de criptos perdeu fôlego devido à realização de lucros e incertezas econômicas nos EUA, destacando a necessidade de cautela para investidores, dada a alta volatilidade desses ativos.
Proteção com ouro e busca por segurança
O cenário incerto em 2024 também incentivou a busca por ativos mais conservadores, como o ouro, replicado pelo ETF GOLD11. Considerado uma reserva de valor em tempos de instabilidade, o ouro teve uma alta significativa, mas analistas como Evandro Medeiros, da Suno Research, alertam que seu desempenho de longo prazo tende a ser inferior ao de ativos da renda variável americana. Após uma alta acentuada, pode não ser o momento ideal para novos investimentos em ouro, exceto em contextos de incerteza.
Estímulos do governo chinês impulsionam ETFs de ações chinesas
O XINA11, ETF que segue empresas chinesas, registrou alta de 46,4% no ano, favorecido por um pacote de estímulos anunciado pelo governo chinês. O economista Panonko observa que essa valorização recente foi impulsionada pelo apoio governamental, mas Evandro Medeiros alerta que depender de estímulos de curto prazo é arriscado, já que o crescimento sustentável da China ainda enfrenta desafios.
ETFs brasileiros e o impacto do ambiente fiscal
Enquanto os ETFs internacionais prosperam, os fundos de índices brasileiros enfrentam obstáculos devido ao ambiente fiscal incerto e à taxa Selic elevada, que torna a renda fixa mais competitiva. O Ibovespa e outros índices da bolsa brasileira dependem significativamente do fluxo de investimentos estrangeiros, que tem sido prejudicado pelas incertezas fiscais e pelo custo elevado do crédito.
Analistas concordam que a resolução da questão fiscal pode ser um dos principais fatores para a valorização da bolsa brasileira. Recentemente, declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o compromisso do governo com a austeridade fiscal causaram impacto positivo no mercado. Segundo Panonko, a estabilidade fiscal seria um sinal de segurança para investidores, reduzindo o prêmio de risco e atraindo mais capital para o mercado local.
Conclusão
Para 2024, a diversificação em ETFs internacionais e criptomoedas tem sido uma estratégia vantajosa, enquanto o cenário local permanece dependente de ajustes fiscais. Os investidores que buscam segurança estão se beneficiando do ouro, e aqueles com maior apetite por risco têm encontrado oportunidades nas tecnologias e criptomoedas. Especialistas recomendam atenção às novidades sobre o equilíbrio fiscal no Brasil, pois avanços nessa área podem abrir caminho para um desempenho mais sólido dos ETFs locais.
(Com Valor Econômico)