Expansão fiscal bloqueia Brasil de aproveitar redução de juros, afirma economista da Veedha
Enquanto economias avançadas como os EUA e a Europa reduzem suas taxas de juros, o Banco Central brasileiro precisa manter a Selic elevada para controlar a inflação impulsionada pela injeção de recursos públicos na economia.

O Brasil poderia estar aproveitando melhor o cenário internacional de queda de juros, mas a política fiscal expansionista impede esse movimento, afirma Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos. Ela explica que, enquanto economias avançadas como os EUA e a Europa reduzem suas taxas de juros, o Banco Central brasileiro precisa manter a Selic elevada para controlar a inflação impulsionada pela injeção de recursos públicos na economia.

Embora os incentivos fiscais estejam contribuindo para o crescimento econômico e a redução do desemprego, Camila alerta que o custo dessa estratégia é alto e seus impactos serão sentidos a partir de 2025. A previsão é de um crescimento do PIB de 3% em 2024 e 1,7% em 2025, de acordo com a economista, que também espera novas altas da Selic, com duas elevações de 0,50 ponto percentual ainda este ano e mais uma em janeiro, levando a taxa para 12,25% ao ano.

A expansão fiscal, segundo Camila, está tirando a força da política monetária. Apesar da Selic alta conter a inflação, não está sendo suficiente para trazê-la ao centro da meta. O crédito continua em expansão, mas, com o efeito retardado dos aumentos de juros, a inadimplência deve crescer em 2025, prejudicando a economia.

Camila também destaca a incerteza sobre o quanto os bancos centrais internacionais continuarão cortando suas taxas, mas é certo que o Brasil terá que aumentar a Selic para evitar que a inflação ultrapasse o teto da meta. A Veedha prevê um IPCA de 4,5% em 2024 e 4,3% em 2025.

A economista acredita que uma coordenação entre as políticas fiscal e monetária, com maior responsabilidade fiscal e sinalização clara por parte do governo, poderia melhorar o cenário. Ela defende que o Brasil deve buscar uma taxa de juros mais próxima da neutra, alinhada ao movimento internacional de queda de juros, para evitar ser prejudicado pela desconfiança com a política fiscal atual.

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