Fatores internos impulsionam desvalorização do real e elevam incertezas cambiais para 2025
A desvalorização do real frente ao dólar tem sido amplamente influenciada por fatores internos

A desvalorização do real frente ao dólar tem sido amplamente influenciada por fatores internos, e essa tendência deve continuar a moldar a trajetória cambial em 2025, segundo análise da economista Iana Ferrão, do BTG Pactual. Em seu cenário base, Ferrão projeta o dólar a R$ 6,25 no final de 2025 e a R$ 6,35 no final de 2026. Contudo, em um cenário mais adverso, a moeda americana pode ultrapassar a barreira de R$ 7, atingindo R$ 7,10 ao final de 2025 e R$ 7,30 em 2026.

Entre os fatores que poderiam agravar essa pressão estão ações que fragilizem a credibilidade fiscal ou monetária, como medidas para contornar o orçamento, mecanismos parafiscais ou intervenções no mercado cambial. Por outro lado, um cenário benigno, marcado por medidas que reafirmem o compromisso do governo com a sustentabilidade fiscal e a estabilização da dívida pública, poderia reduzir o prêmio de risco do Brasil e levar o dólar a encerrar o ano a R$ 5,20, estima o BTG.

Ferrão aponta que os fatores domésticos explicam cerca de R$ 0,90 do nível atual do dólar, o equivalente a mais de 70% da desvalorização do real. Esse impacto reflete, sobretudo, as preocupações crescentes do mercado quanto à sustentabilidade da dívida pública e à condução da política econômica nos próximos trimestres. Apesar de um cenário de superávit comercial robusto para 2025, estimado em US$ 87 bilhões, Ferrão alerta que o fluxo cambial pode não ser positivo, assim como ocorreu em 2024.

Em dezembro de 2024, o Brasil registrou o maior volume histórico de saída de dólares pelo segmento financeiro, compensando o recorde de ingressos no fluxo comercial ao longo do ano. Essa saída líquida resultou em um déficit de US$ 18 bilhões no fluxo cambial acumulado em 2024, que até novembro estava positivo em quase US$ 10 bilhões. Esse fenômeno reflete a vulnerabilidade do Brasil a fatores financeiros externos, mesmo diante de um superávit comercial expressivo.

Ferrão enfatiza que a implementação de políticas econômicas consistentes será essencial para mitigar os riscos cambiais e estabilizar o real. Medidas que reafirmem o compromisso com a sustentabilidade fiscal poderiam não apenas aliviar a pressão sobre o câmbio, mas também melhorar a percepção de risco do país no cenário internacional. Enquanto essas preocupações persistirem, o real deve permanecer vulnerável, com oscilações significativas dependendo das decisões econômicas e fiscais ao longo de 2025.

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