A programação orçamentária para 2024 prevê um cenário fiscal mais pessimista, com o governo agora projetando um déficit de R$ 68,8 bilhões, em vez do déficit zero prometido anteriormente. A estimativa inicial, divulgada há 60 dias, indicava um rombo de R$ 61,4 bilhões, mas o número foi revisado para cima. Além disso, o governo retirou R$ 40,5 bilhões de gastos extraordinários, como despesas com calamidades no Rio Grande do Sul e emergências climáticas, da conta utilizada para verificar se a meta fiscal está sendo cumprida.
O aumento do déficit fiscal preocupa os agentes econômicos, que apontam que essa manobra impede a estabilização da dívida pública. Apesar da arrecadação de tributos continuar crescendo, o aumento de R$ 2 bilhões nas receitas não é suficiente para cobrir a alta de R$ 11,8 bilhões nas despesas primárias, com destaque para as obrigatórias, que subiram R$ 13,9 bilhões.
Embora essa prática de excluir certos gastos da meta fiscal não seja nova — o governo adotou a mesma estratégia no pós-pandemia para lidar com despesas da Covid-19 —, o cenário de crescimento do déficit e a dificuldade em aprovar medidas no Congresso têm gerado uma onda de pessimismo entre os economistas.
