Haddad diz que conversas com EUA sobre tarifas estão em andamento e defende multilateralismo
Segundo o ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou prudência e o uso dos canais diplomáticos para lidar com o tema

Diante da escalada nas tensões comerciais entre os Estados Unidos e a China, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quinta-feira (10) que o governo brasileiro mantém diálogo aberto com autoridades norte-americanas para tratar dos impactos das novas tarifas anunciadas pelo presidente Donald Trump. Segundo o ministro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recomendou prudência e o uso dos canais diplomáticos para lidar com o tema.

“As conversas com o governo dos Estados Unidos estão acontecendo, sobretudo com o secretário responsável pelo comércio exterior. Isso está em curso”, afirmou Haddad, reforçando que o Brasil tem adotado uma postura cautelosa diante das incertezas no cenário internacional.

Ao ser questionado sobre os possíveis efeitos das medidas de Trump sobre a economia brasileira, Haddad preferiu não antecipar análises. “Como as coisas mudam a cada 24 horas no plano internacional, não há uma diretriz clara e as pessoas estão com muita insegurança sobre o que está acontecendo com o governo dos Estados Unidos. Não é possível, nesses poucos dias transcorridos, fazer uma avaliação criteriosa”, declarou.

O ministro também destacou que, inicialmente, os países da América do Sul receberam um tratamento diferenciado nas novas tarifas, com alíquotas mais brandas. No entanto, ele reconheceu que o cenário evoluiu rapidamente e que, no momento, a tarifação mais agressiva está restrita à China. “Nós temos que aguardar um posicionamento final para saber como proceder”, ponderou.

Apesar do contexto adverso, Haddad ressaltou que o Brasil vem ampliando sua presença nos três principais blocos comerciais globais — Estados Unidos, União Europeia e China. “Estamos ampliando os mercados abertos para os produtos brasileiros desde o primeiro dia do governo do presidente Lula. E isso não vale só para commodities, vale para outros bens e serviços também”, afirmou.

O ministro compartilhou ainda que, na véspera do anúncio do tarifaço de Trump, manteve uma conversa com o ministro das Finanças da França e foi convidado para um diálogo com o governo da Alemanha. A aproximação com a Europa, segundo ele, é parte de uma estratégia de diversificação e fortalecimento das relações multilaterais.

“Nossos canais estão abertos e sempre deixamos claro para o governo dos Estados Unidos que o Brasil não pode ser visto, pela sua dimensão, como um anexo de um dos três blocos. Nós temos comércio crescente com todos eles”, afirmou Haddad.

Ao final, o ministro reforçou o compromisso do Brasil com o multilateralismo. “Esse tem sido o mantra do presidente Lula: investir no multilateralismo”, concluiu.

redacao
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