Mercado reage à possível exclusão das estatais do arcabouço fiscal e corte de juros na Europa
As taxas de juro real subiram, com os títulos NTN-B (Tesouro IPCA+) alcançando o patamar de 6,65%

Na última semana, o mercado financeiro ficou atento às discussões sobre a possível remoção das estatais dos limites do arcabouço fiscal, o que gerou uma piora na percepção sobre o cenário fiscal no Brasil. Paralelamente, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou mais um corte de 0,25 ponto percentual na taxa de juros, o terceiro do ano, sinalizando que a inflação na Zona do Euro está sob controle, mas que as perspectivas econômicas pioraram.

Diante desses eventos, os juros futuros brasileiros encerraram a semana em alta em toda a curva, especialmente nos vencimentos mais longos. As taxas de juro real subiram, com os títulos NTN-B (Tesouro IPCA+) alcançando o patamar de 6,65%, segundo análise da equipe da XP Investimentos.

Desempenho dos títulos públicos e crédito privado

Entre os títulos do Tesouro, houve variações mistas ao longo da semana. O maior destaque positivo foi a NTN-B 2026, que registrou alta de 0,36%, enquanto a NTN-B 2040 apresentou a maior queda, com -1,86%.

No mercado secundário de crédito privado, os spreads das debêntures indexadas ao CDI terminaram a semana em alta, com o índice IDEX-DI fechando em 1,73%, acima dos 1,69% da semana anterior. As debêntures incentivadas e isentas também registraram leve aumento nos prêmios, com o fluxo médio diário de negociações totalizando R$ 952 milhões.

Projeções de inflação e Selic sobem; foco no BRICS e IPCA-15

A semana começou com a divulgação do Relatório Focus, que trouxe novas projeções econômicas. Os economistas consultados pelo Banco Central elevaram a previsão de inflação para 2024 de 4,39% para 4,50%, e a de 2025 subiu de 3,96% para 3,99%. Além disso, a estimativa para a Selic em 2025 foi ajustada pela segunda semana consecutiva, de 11% para 11,25%.

Outro evento importante da semana é a Reunião do BRICS, que ocorre na Rússia de 22 a 24 de outubro, encerrando o período de presidência russa no bloco. O encontro terá como tema o fortalecimento do multilateralismo para o desenvolvimento global e a segurança. O Brasil, que participa da reunião, assumirá a presidência do BRICS em 2025.

Expectativas para o IPCA-15 e confiança do consumidor

Na agenda econômica, o mercado aguarda o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15) de outubro, que será divulgado na quinta-feira (24). O indicador será observado de perto pelos investidores, após uma quarta-feira (23) sem grandes eventos econômicos. Encerrando a semana, o Índice de Confiança do Consumidor, da FGV, referente ao mês de outubro, será o destaque na sexta-feira (25).

No cenário internacional, os investidores estarão atentos a dados como o Livro Bege, o Relatório Mensal da IEA sobre petróleo, o Índice NAHB de Mercado Imobiliário e os Pedidos Semanais por Seguro-Desemprego nos Estados Unidos, que devem influenciar as expectativas sobre a economia global.

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