Pix pode impulsionar PIB brasileiro em R$ 280,7 bilhões até 2028
Brasil lidera ranking de economias latinas favorecidas pela adoção de pagamentos em tempo real, de acordo com Relatório de Impacto Econômico e Inclusão Financeira

O Pix, sistema de pagamento instantâneo criado em 2020 pelo Banco Central do Brasil, pode impulsionar o Produto Interno Bruto do país em R$ 280,7 bilhões (US$ 49,9 bilhões) até 2028. É o que indica a segunda edição do Relatório de Impacto Econômico e Inclusão Financeira, desenvolvido pela ACI Worldwide em parceria com The Centre for Economics and Business Research (Cebr), após analisar dados de 40 países.

Segundo o estudo, o valor é equivalente a 2,41% do PIB do Brasil combinado ou a produção de 2,5 milhões de trabalhadores. Em comparação, no último ano, os pagamentos em tempo real contribuíram para um incremento de R$ 138,3 bilhões (US$ 24,6 bilhões) no Produto Interno Bruto brasileiro, o equivalente a 1,32% do PIB combinado ou a produção de 1,3 milhão de trabalhadores.

Assim, o país mantém a liderança no ranking de economias latinas favorecidas pela adoção de tecnologias de pagamento em tempo real. Em segundo lugar está o México (US$ 10,3 bilhões em 2023 e US$ 12,8 bilhões até 2028), seguido por Argentina (US$ 6 bilhões em 2023 e US$ 19,3 bilhões até 2028), Chile (US$ 619 milhões em 2023 e US$ 740 milhões até 2028), Peru (US$ 57 milhões em 2023 e US$ 376 milhões até 2028) e Colômbia (US$ 46 milhões em 2023 e US$ 282 milhões até 2028).

O head para o Brasil da ACI Worldwide, Vlademir Santos, explica que, ao possibilitar a transferência de dinheiro entre consumidores e empresas em segundos, os pagamentos em tempo real impulsionam o crescimento econômico e têm o potencial de ajudar a tirar milhões de pessoas da pobreza.

“O aumento da inclusão financeira, experimentado por muitos países com a explosão das transações em tempo real, apresenta grandes oportunidades de receita para as instituições financeiras. Os pagamentos em tempo real funcionam como um importante catalisador para melhorar a eficiência dos sistemas financeiros e para impulsionar o crescimento econômico, transformando sociedades em economias modernas e digitais. Essa pesquisa demonstra como a modernização dos pagamentos apresenta uma proposta vantajosa para todos, incluindo cidadãos, governos e bancos”, detalha Vlademir.

Inclusão financeira  

Pela primeira vez, o Relatório de Impacto Econômico e Inclusão Financeira mostra uma ligação direta entre os pagamentos em tempo real e o acesso da população a serviços financeiros. Segundo o estudo, a adoção de pagamentos instantâneos está promovendo a inclusão financeira especialmente entre três grupos demográficos: jovens (com idades entre 18 e 24 anos), mulheres e pessoas de baixa renda. Para chegar a estes dados, o Cebr analisou informações de 28 países.

No Brasil, a previsão é que o avanço do Pix contribua para um aumento de 2,8 milhões de novos correntistas até 2028, o que representa potenciais oportunidades de receitas para as instituições financeiras. “A conexão entre pagamentos em tempo real e inclusão financeira, inclusive, deve desencadear ainda mais inovação entre fintechs e instituições, criando novas experiências e oportunidades para o conjunto crescente de usuários”, destaca Vlademir Santos.

O economista-chefe do Cebr, Owen Good, complementa que, à medida que os países aumentam a adoção de pagamentos instantâneos, há melhoria na experiência do usuário, redução dos custos de transação e fatores comportamentais mais amplos, que estão diretamente ligados ao aumento da parcela da população que se envolve com instituições financeiras.

“Constatamos, especificamente, que a adoção de pagamentos em tempo real deve gerar benefícios significativos para os indivíduos, ao próprio setor financeiro e para a economia em geral. Em termos mais simples, entendemos que mover o dinheiro em segundos, em vez de dias, recompensa todos os envolvidos na transação”, pontua Owen.

América Latina: Pix serve de exemplo

O Relatório de Impacto Econômico e Inclusão Financeira ainda expõe o fato de o Brasil atualmente ser responsável por 75% de todas as transações em tempo real da América Latina, gerando benefícios econômicos tangíveis. Em 2023, por exemplo, o Pix resultou em R$ 103,5 bilhões (US$ 18,4 bilhões) em economia para consumidores e empresas brasileiras.

Até 2028, a previsão do estudo é que a economia líquida agregada para consumidores e empresas locais, facilitada por pagamentos em tempo real, seja de R$ 251,4 bilhões (US$ 44,7 bilhões). Isso é quase cinco vezes mais que o segundo país com melhor desempenho na categoria, o México, que deve chegar a R$ 52,6 bilhões (US$ 9,3 bilhões).

“Devido a sua velocidade, versatilidade e facilidade de uso, o Pix rivaliza com os melhores sistemas globais, e se tornou um exemplo inspirador de pagamento em tempo real eficiente para toda a América Latina. O recurso veio para desbloquear o potencial econômico, anteriormente preso em tecnologias ineficientes, e redefinir a relação entre consumidores, seu dinheiro e empresas. Tanto que países como México e Colômbia estão trabalhando diligentemente na transformação dos seus próprios ecossistemas de pagamentos”, afirma o head para o Brasil da ACI Worldwide, Vlademir Santos.

A nível mundial, o Relatório de Impacto Econômico e Inclusão Financeira revela que os pagamentos em tempo real podem gerar um acréscimo adicional de US$ 285,8 bilhões no PIB global (equivalente ao trabalho de 16,9 milhões de trabalhadores), além de criar 167 milhões novos titulares de contas bancárias até 2028.

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