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O UBS BB elevou a recomendação das ações da XP (XP; XPBR31) de neutro para compra, apontando que os papéis da empresa estão subvalorizados após uma queda acumulada de cerca de 52% em dólares nos últimos 12 meses. Segundo os analistas, o valuation da XP já reflete as condições macroeconômicas adversas do Brasil, tornando a ação uma oportunidade atrativa para investidores.
Apesar da melhora na recomendação, o banco reduziu o preço-alvo da ação de US$ 19 para US$ 16, o que ainda representa um potencial de valorização de 31% sobre o último fechamento. A revisão para baixo se deve à expectativa de lucros menores no curto prazo, uma projeção ligeiramente mais elevada para o Certificado de Operações Estruturadas (COE), agora em 15,5%, e um câmbio mais desvalorizado.
A notícia impulsionou os papéis da XP na sexta-feira (24). Na Bolsa de Nova York (NYSE), as ações subiram 4,84%, fechando a US$ 12,79. Já no mercado brasileiro, os BDRs (XPBR31) registraram valorização de 5,56%, cotados a R$ 75,50.
XP é negociada abaixo dos pares
De acordo com os cálculos do UBS BB, a XP está sendo negociada a um múltiplo de 8,2 vezes a relação preço sobre lucro (P/L) para o final de 2025, um dos menores níveis históricos da companhia e inferior aos seus concorrentes locais e internacionais.
Enquanto plataformas de investimentos internacionais, bancos de investimento e gestores de ativos operam a aproximadamente 15 vezes P/L, instituições brasileiras como o BTG Pactual estão cotadas a cerca de 9 vezes P/L. Os analistas destacam, porém, que a XP é uma empresa mais enxuta em ativos em comparação aos seus pares nacionais e bancos tradicionais, além de apresentar menor risco de crédito — fatores que deveriam justificar um prêmio em sua avaliação.
A queda no valuation da XP nos últimos meses, segundo o relatório, está relacionada à maior atratividade da renda fixa no Brasil. A elevação nos rendimentos dos títulos do governo brasileiro em 2024 fez com que investidores reduzissem a exposição a ativos de maior risco, como ações e fundos de investimento.
Mesmo em um cenário macroeconômico desafiador, a expectativa do UBS BB é que a XP apresente crescimento de lucro por ação (EPS) de um dígito alto entre 2024 e 2026. Além disso, a empresa deve manter a rentabilidade na faixa baixa de 20% e distribuir dividendos significativos nos próximos anos.
Perspectivas futuras
O banco também destaca que a XP pode melhorar sua margem líquida no longo prazo com eventuais mudanças em sua estrutura de distribuição. Entretanto, os analistas alertam para um possível conflito entre os canais de venda B2C (direto ao consumidor) e B2B (consultores financeiros independentes), à medida que a empresa busca expandir sua base de clientes e fortalecer o controle sobre a alocação de investimentos.
Em termos de projeções financeiras, o UBS BB estima que a XP registre um lucro de R$ 5,5 bilhões em 2026, ligeiramente abaixo do consenso de mercado, que aponta para R$ 5,6 bilhões. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROAE) deve atingir 22,6% no próximo ano, refletindo a solidez operacional da companhia mesmo diante de um ambiente desafiador.
Com esses números, a recomendação de compra do UBS BB reforça a percepção de que a XP segue como um player relevante no mercado de investimentos, com potencial de valorização no médio e longo prazo.