Views
A XP Inc. encerrou o quarto trimestre de 2024 e o ano com resultados financeiros recordes, registrando lucro líquido e receitas em níveis históricos. No entanto, a companhia enfrentou uma desaceleração na captação líquida de recursos, segundo os dados divulgados ao mercado. Os ativos sob custódia da XP atingiram R$ 1,2 trilhão, um crescimento de 1% no trimestre e de 9% no ano, desempenho que ficou abaixo da variação do CDI no mesmo período. Para 2025, o CEO da XP, Thiago Maffra, demonstrou otimismo e projetou um aumento de 10% nas receitas.
No último trimestre de 2024, a XP registrou um lucro líquido ajustado de R$ 1,2 bilhão, um avanço de 17% em relação ao mesmo período do ano anterior. A receita bruta alcançou R$ 4,7 bilhões, representando um crescimento de 15%. Já a captação líquida no quarto trimestre foi de R$ 25 bilhões, uma queda de 17% na comparação anual, totalizando R$ 103 bilhões captados no ano, com uma redução de 2% frente a 2023. O número de clientes ativos chegou a 4,684 milhões, um crescimento modesto de 3%.
Segundo o CFO da XP, Victor Mansur, a captação do último trimestre seguiu um padrão histórico da empresa, que normalmente capta cerca de R$ 20 bilhões nesse período. Ele explicou que o fim do ano, por conta do Natal e das férias, tende a gerar um volume maior de resgates. Além disso, a empresa tem revisto sua estratégia de segmentação, focando em clientes com patrimônio acima de R$ 300 mil, considerados mais rentáveis e com maior potencial de investimento.
O diretor de relações com investidores da XP, André Parize, destacou que a companhia tem priorizado clientes assessorados, cuja base segue em expansão, enquanto o número de clientes com menos de R$ 50 mil parou de crescer. Ele afirmou que a empresa busca clientes de forma mais seletiva, privilegiando aqueles que agregam valor e possibilitam um atendimento de maior qualidade. A XP encerrou 2024 com cerca de 3 mil assessores internos, consolidando sua liderança no segmento de wealth service, que combina gestão de investimentos e consultoria financeira. Aproximadamente 60% da captação líquida do varejo em 2024 veio desses novos canais.
Maffra ressaltou que os assessores internos apresentam produtividade significativamente superior à dos autônomos, graças ao uso de ferramentas de inteligência e ao controle mais padronizado do processo de vendas. A meta para 2025 é ampliar a eficiência do canal de terceiros, auxiliando assessores a melhorar sua produtividade. O CEO acredita que há um potencial oculto a ser explorado nessa área.
A estratégia da XP voltada ao planejamento financeiro começa a apresentar resultados concretos. Clientes assessorados registram um NPS (Net Promoter Score) de 90 e um crescimento expressivo na participação dos recursos investidos na plataforma. A conversão de seguros dentro desse grupo é duas vezes maior e a captação líquida em previdência é 43% superior. Mansur destacou que esse tipo de serviço, tradicionalmente disponível apenas para clientes de private banking, está sendo democratizado pela XP.
No segmento de varejo, as receitas cresceram 2% no trimestre e 13% no ano, atingindo R$ 3,6 bilhões. Já o setor institucional registrou uma queda de 2% no trimestre e de 20% no ano. As novas verticais de negócios, que incluem previdência, cartões, crédito e seguros, tiveram impacto positivo nos resultados. A área de cartões, por exemplo, atingiu o equilíbrio financeiro em 2024, enquanto as demais verticais devem se beneficiar da ampliação da base de clientes e da venda cruzada de produtos.
O índice de eficiência da XP atingiu 34,7% no quarto trimestre de 2024, o menor da história da companhia, refletindo a redução de custos administrativos e o aumento da produtividade. A empresa encerrou o ano com 7,4 mil funcionários, um crescimento de 12%, e 18,2 mil assessores, um aumento de 5% em relação ao ano anterior. Para 2025, Maffra pretende expandir a força de vendas em 500 a 600 profissionais, priorizando qualidade e eficiência.
O lucro antes das taxas (EBT) atingiu R$ 1,289 bilhão no trimestre, com uma margem de 28,7%. No acumulado do ano, o indicador foi de R$ 4,974 bilhões, com margem de 29,1%. A XP também concluiu uma reestruturação societária que posicionou o Banco XP acima da corretora, movimento que deve reduzir o custo de capital e impulsionar o crescimento das novas verticais de negócios. Para fortalecer ainda mais sua posição no ecossistema de investimentos, a empresa pretende acessar o mercado externo em 2025, com uma emissão de dívida entre US$ 500 milhões e US$ 700 milhões.