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Para o BTG Pactual, o principal risco de curto prazo para a Petrobras (PETR4) não está em possíveis medidas do governo para aumentar a arrecadação, mas sim na pressão sobre os preços do petróleo, intensificada pelos desdobramentos da guerra tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Nos últimos dias, surgiram rumores na mídia sobre a intenção do governo brasileiro de arrecadar entre US$ 3 bilhões e US$ 5 bilhões por meio de novos leilões de volumes excedentes de petróleo em campos já em operação. O banco pondera que, como o orçamento fiscal do Brasil foi baseado em um preço de petróleo de US$ 80 por barril — e a média acumulada do ano está em US$ 73 —, a arrecadação prevista com tributos do setor pode ficar abaixo do esperado, o que justificaria a busca por alternativas como esses leilões.
No entanto, a equipe de analistas liderada por Pedro Soares acredita que o impacto dessa iniciativa sobre a Petrobras seria limitado. A ausência de um documento oficial de licitação torna difícil avaliar a viabilidade da arrecadação pretendida, e, à primeira vista, os valores divulgados parecem otimistas. Dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP) indicam que as áreas excedentes de Tupi, Mero e Atapu — supostamente consideradas nos leilões — representam uma fração modesta da produção total desses campos: apenas 0,5%, 3,6% e 1,2%, respectivamente.
Diante disso, o BTG entende que, sem informações mais concretas, não há motivo para acreditar que o fluxo de caixa da Petrobras ou seus dividendos — ponto central para os investidores — estejam ameaçados por essa possível medida.
Por outro lado, os analistas alertam que a maior preocupação continua sendo o cenário internacional: a incerteza geopolítica e o risco de desaceleração econômica global continuam pressionando o preço do petróleo, o que pode impactar as perspectivas de dividendos da companhia no curto prazo.
Apesar do ambiente desafiador, o BTG mantém a Petrobras como sua principal escolha no setor de petróleo e gás, citando o balanço sólido da empresa e a robusta geração de fluxo de caixa, mesmo com preços menores do Brent. O preço-alvo para PETR4 foi reafirmado em R$ 58, com recomendação de compra.
Para o banco, ainda que os preços da commodity estejam pressionados, eles não se afastaram significativamente dos custos marginais de produção globais. Assim, a eficiência operacional da Petrobras e seu posicionamento estratégico reforçam a visão de que a empresa segue como uma vencedora de longo prazo no setor energético.