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A temporada de balanços do quarto trimestre de 2024 (4T24) se aproxima e promete trazer impactos relevantes para os investidores da B3. A partir de fevereiro, as empresas listadas começam a divulgar seus resultados, oferecendo sinais importantes para as estratégias de investimento em 2025.
As movimentações já começaram com a divulgação, na última terça-feira (28/01), do relatório de produção e vendas da Vale (VALE3). Os números mostraram um recuo na produção de minério, o que resultou em uma queda de mais de 2% nas ações da companhia, impulsionada também pelas projeções mais cautelosas do Citi para 2025.
Na próxima semana, alguns dos principais bancos do país divulgarão seus resultados:
📅 5 de fevereiro – Santander Brasil (SANB11)
📅 6 de fevereiro – Itaú Unibanco (ITUB4)
📅 7 de fevereiro – Bradesco (BBDC4)
Setor bancário adota postura cautelosa para 2025
O cenário para os grandes bancos é de maior cautela e menor apetite ao risco. Segundo relatório do BTG Pactual, desafios macroeconômicos devem impactar o crescimento do setor financeiro em 2025, levando as instituições a adotarem uma abordagem mais conservadora.
Os analistas do BTG destacam que as instituições financeiras devem restringir o crescimento da receita devido à maior concorrência (incluindo a atratividade de fundos de renda fixa) e à redução dos spreads bancários.
Além disso, o risco-retorno das carteiras de crédito de crescimento acelerado pode se tornar ainda mais desafiador. Esse será um dos temas centrais nas teleconferências dos bancos, quando serão discutidas projeções para 2025.
O que esperar dos resultados do 4T24?
Durante a temporada de balanços do 4T24, mais de 100 empresas apresentarão seus números financeiros e estratégias para o ano. O período de maior divulgação ocorre entre o final de fevereiro e a primeira quinzena de março, quando a maior parte das companhias deve divulgar seus resultados.
Entre os destaques, duas das empresas mais negociadas da B3 já têm suas datas definidas:
📌 Vale (VALE3): 20 de fevereiro (Relatório de Produção e Vendas divulgado em 28/01)
📌 Petrobras (PETR4): 26 de fevereiro (Relatório de Produção e Vendas ainda sem data definida)
A expectativa para a Vale (VALE3) gira em torno dos desafios da empresa diante da desaceleração da economia chinesa e do aumento da oferta global de minério de ferro.
Já a Petrobras (PETR4) deve destacar seu cumprimento da meta de produção anual de 2024. Apesar do cenário desafiador, a companhia conseguiu entregar um desempenho alinhado às suas projeções.
Impacto da Selic e setores promissores
O aumento da taxa Selic, impulsionado pela inflação persistente e pelo aumento da projeção da taxa de câmbio, deve influenciar diretamente os balanços. O Banco Central já elevou a Selic para 12,25% e pode levar a taxa a 14,25% em março.
Na visão da analista de ações da Empiricus Research, Larissa Quaresma, o destaque positivo do 4T24 deve ficar com companhias exportadoras, que se beneficiam do dólar mais alto. Entre as principais recomendações da especialista estão:
✅ Suzano (SUZB3)
✅ Direcional (DIRR3)
✅ Porto Seguro (PSSA3)
Por outro lado, empresas altamente endividadas ou com custos dolarizados podem enfrentar dificuldades diante da alta da Selic. "Além do dólar elevado prejudicar, os juros mais altos podem afetar o lucro dessas empresas", alerta Larissa.
Cenário macroeconômico influencia expectativas para 2025
Embora a economia brasileira tenha crescido cerca de 3,5% e o desemprego esteja em níveis historicamente baixos, a inflação segue em trajetória ascendente, ultrapassando o teto da meta de 4,5%.
Esse quadro levou o Banco Central a intensificar o ciclo de alta dos juros, o que pode impactar ainda mais os resultados das empresas no 1º trimestre de 2025 (1T25). Segundo Larissa Quaresma, os efeitos mais fortes da Selic elevada devem ser sentidos no próximo trimestre, quando a taxa média de juros será maior do que a registrada no início de 2024.
Com isso, investidores estarão atentos aos resultados financeiros e às projeções das empresas, que indicarão quais setores podem se destacar e quais devem enfrentar maior pressão ao longo do ano.