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No primeiro ano sob o comando de Magda Chambriard, a Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 36,6 bilhões em 2024, representando uma queda de 70,6% em relação ao ano anterior. O resultado veio abaixo das expectativas do mercado, que projetava ganhos em torno de R$ 70 bilhões, considerando que, em 2023, a estatal havia reportado um lucro de R$ 124,6 bilhões.
Magda assumiu a presidência da Petrobras em junho do ano passado e enfrentou um cenário desafiador, marcado pela redução dos preços internacionais do petróleo e das margens de refino. No quarto trimestre, a companhia apresentou um prejuízo de R$ 17,04 bilhões, contrastando com o lucro de R$ 31,04 bilhões registrado no mesmo período do ano anterior. Segundo a estatal, a queda no desempenho foi influenciada por um ambiente externo adverso, com uma redução de 2% no preço do barril de petróleo e um recuo de 39% nas margens do diesel, conhecidas como crackspread.
Outro fator determinante para a forte queda no lucro foi o impacto da variação cambial sobre a dívida da Petrobras e de suas subsidiárias no exterior. A estatal explicou que, sem esse efeito contábil, o lucro líquido teria sido de R$ 103 bilhões. A valorização do dólar ao longo de 2024 resultou em um impacto negativo de R$ 82,5 bilhões no resultado financeiro da empresa, sendo um dos principais responsáveis pelo prejuízo no último trimestre do ano.
Além disso, a Petrobras registrou baixas contábeis (impairment) de ativos e investimentos no valor de R$ 9,63 bilhões no quarto trimestre de 2024, mas não detalhou os motivos. Entre outubro e dezembro, as perdas decorrentes da variação cambial somaram R$ 27,49 bilhões, aumentando a pressão sobre os resultados financeiros da companhia.
Especialistas apontam uma série de fatores que contribuíram para a queda no lucro da estatal. Um dos principais foi a redução de 3,8% na produção de petróleo ao longo de 2024, resultado de paradas para manutenção em campos do pré-sal e do declínio natural dos campos do pós-sal, onde a extração caiu 20%. Além disso, as vendas no mercado interno sofreram uma retração de 1,4%, atingindo um volume total de 1,719 milhão de barris por dia. A queda na demanda por combustíveis como gasolina (-4,1%) e diesel (-2,8%) também afetou o desempenho da empresa.
Outro fator que impactou negativamente os resultados foi a oscilação do dólar, que chegou a ultrapassar R$ 6,20 em dezembro, agravando as perdas cambiais. Paralelamente, o preço médio do barril de petróleo caiu de US$ 84 para um patamar entre US$ 71 e US$ 72 no fim de 2024, pressionando ainda mais a rentabilidade da estatal. Somando esses elementos, analistas da XP apontam que o caixa da Petrobras foi comprometido, o que se refletiu diretamente na redução do lucro.
A receita líquida da companhia recuou mais de 3% no acumulado do ano, totalizando R$ 493 bilhões em 2024. A XP também destacou a desvalorização dos preços dos derivados de petróleo em dólar, impactados pela depreciação do real, o que comprometeu a geração de caixa operacional (Ebitda) e afetou o resultado final. Para o analista independente Pedro Galdi, o desempenho da Petrobras reflete uma combinação de fatores adversos, incluindo a queda no preço do petróleo e a valorização do real frente ao dólar, dificultando a recuperação da empresa no curto prazo.