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O governo do presidente Javier Milei celebrou os dados de inflação divulgados nesta terça-feira (12), que apontam um índice de 2,7% em outubro, o menor registrado na Argentina em quase três anos. Desde que assumiu a presidência, Milei, com uma política econômica ultraliberal, conseguiu desacelerar a inflação, que estava em 25,5% em dezembro do ano passado. Ao longo de 2024, o índice teve duas acelerações em junho e agosto, movimentos já previstos pelo mercado.
Para encontrar um índice mensal tão baixo, é necessário voltar a novembro de 2021, quando o país ainda lidava com a recuperação pós-pandemia. No acumulado do ano, a inflação já soma 107%. O setor de aluguéis, serviços de água, eletricidade e gás foi o maior responsável pelo aumento de preços, com inflação de 5,4%, impulsionada pela retirada de subsídios que antes ajudavam a conter os custos nesses segmentos.
A equipe de Milei se mostrou otimista com o resultado, que superou as previsões do próprio Banco Central, inicialmente de 3% para o mês. Em resposta, a instituição reduziu a taxa de juros de 40% para 35% ao ano, justificando a decisão com base em um "fortalecimento da âncora fiscal" do país.
Para Milei, a queda da inflação representa uma vitória estratégica em um contexto em que o controle de preços, amplamente adotado durante o governo peronista anterior, foi revogado. Em vez disso, a gestão atual optou por uma política de austeridade, congelando a emissão de moeda, paralisando obras públicas e restringindo ajustes salariais de setores como aposentados e professores universitários.
A inflação controlada é um trunfo essencial para a popularidade de Milei, que, embora oscilante, ainda encontra apoio significativo. No entanto, a economia argentina continua frágil: o consumo interno registra os níveis mais baixos em dez anos, e a recuperação do poder de compra tem sido lenta, apesar de os salários terem apresentado aumento médio de 4,7% em setembro, superando a inflação de 3,5% daquele mês.
Em um discurso recente, Milei declarou que “a recessão terminou” e que a economia argentina está prestes a iniciar um ciclo de crescimento. A afirmação reflete o desejo de recuperação econômica que muitos argentinos esperam ver concretizado em 2025.
Além disso, Milei busca fortalecer sua agenda econômica no cenário internacional. Nesta semana, ele se encontrará com Donald Trump, que tem chances de voltar à presidência dos Estados Unidos. A expectativa é de que, caso isso aconteça, Trump possa auxiliar na renegociação da dívida argentina e na obtenção de novos recursos junto ao FMI. A possível nomeação do senador Marco Rubio, um aliado de Milei, como chefe da diplomacia americana, também anima a Casa Rosada, que vê no republicano uma ponte para fortalecer sua influência internacional e buscar soluções para os desafios econômicos do país.