China promete abrir processo na OMC contra aumento de tarifas dos Estados Unidos
O governo do presidente Xi Jinping tem adotado uma postura mais cautelosa nas relações com Washington, buscando evitar uma escalada nas tensões comerciais

O Ministério do Comércio da China anunciou que abrirá um processo na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, mas evitou ameaçar com medidas retaliatórias imediatas. O governo do presidente Xi Jinping tem adotado uma postura mais cautelosa nas relações com Washington, buscando evitar uma escalada nas tensões comerciais.

As tarifas, anunciadas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, fazem parte de um pacote que visa pressionar o México, o Canadá e a China por, segundo ele, não conterem adequadamente o fluxo de migrantes indocumentados e drogas ilegais para os Estados Unidos. No entanto, Trump sinalizou que pode reconsiderar as medidas caso esses países tomem ações concretas para abordar suas preocupações. Além disso, as ordens executivas assinadas incluem cláusulas que permitem o aumento automático das tarifas caso os países afetados decidam retaliar.

Entre as novas medidas, as importações de energia do Canadá, como petróleo e eletricidade, foram parcialmente poupadas, enfrentando uma tarifa reduzida de 10%, em vez dos 25% aplicados a outros produtos. A Casa Branca justificou essa decisão como uma forma de minimizar o impacto sobre os preços da gasolina e do óleo de aquecimento residencial nos EUA.

Impacto global e nova fase da guerra comercial

A decisão de Trump marca uma nova fase na guerra comercial, com tarifas que agora atingem não apenas a China, mas também aliados próximos como Canadá e México. O economista sênior Gary Ng, da Natixis SA, destacou que as medidas refletem objetivos tanto econômicos quanto geopolíticos dos EUA e representam um desafio adicional para o crescimento econômico global, as margens de lucro das empresas e a estabilidade dos mercados financeiros.

A ordem executiva publicada pela Casa Branca invoca a International Emergency Economic Powers Act, uma lei da década de 1970 que concede ao presidente amplos poderes para impor tarifas em situações de emergência nacional. Trump já havia ameaçado utilizar essa legislação contra o México em 2019, mas recuou após negociações bem-sucedidas.

As medidas tarifárias entram em vigor às 00h01 de terça-feira, deixando pouco tempo para eventuais negociações de última hora. As respostas rápidas de Canadá, México e China refletem a gravidade da situação e a possibilidade de um prolongamento das tensões comerciais.

Consequências para cadeias de suprimento e consumidores

A ampliação das tarifas terá efeitos significativos sobre as cadeias de suprimento globais e o custo de bens essenciais para os consumidores americanos. Produtos como alimentos, moradia e combustíveis devem sofrer aumento de preços, enquanto empresas com forte presença internacional enfrentarão desafios adicionais.

Montadoras como General Motors, Ford e Stellantis, que dependem de cadeias de suprimento integradas entre EUA, Canadá e México, estão entre as mais vulneráveis aos impactos das novas tarifas. Grupos da indústria já alertaram que a integração profunda entre as economias dos EUA e do Canadá pode amplificar os efeitos negativos, especialmente no setor manufatureiro.

Apesar das promessas de campanha de Trump para proteger a indústria americana, especialistas e economistas apontam que tarifas generalizadas podem desorganizar o comércio global, agravar a inflação e afetar negativamente tanto consumidores quanto empresas. O impacto sobre o comércio internacional e as relações diplomáticas dos EUA será monitorado de perto nos próximos meses, à medida que os países afetados avaliam suas próximas ações.

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