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Analistas ouvidos pelo portal Boletim Nacional foram unânimes em destacar que a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central ( Copom), em manter a taxa básica de juros em 10,5% , já era esperada pelo mercado.
Na visão da editora de Economia do Boletim Nacional, Letícia Bogéa, os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) agiram com prudência na manutenção da taxa Selic. “Acredito que a decisão do Copom em manter a Selic em 10,50% ocorre devido às incertezas das conjunturas doméstica e internacional, o que exige maior cautela na condução da política monetária”, afirmou.
Rafaela Vitória, economista chefe do Inter, que ainda acredita na manutenção da Selic no atual patamar por um período prolongado, uma eventual alta de juros poderia ser considerada caso ocorra uma reaceleração da inflação e piora nas expectativas, o que poderia ser resultado de nova deterioração fiscal, como revisão das metas e impacto no câmbio.
“Por outro lado, uma retomada dos cortes em 2025 continua no radar, caso o governo volte a apresentar controle do crescimento de gastos públicos, em linha com o cumprimento da meta fiscal, o que iria beneficiar a trajetória de desinflação, bem como aliviar o prêmio de risco nos ativos, incluindo o câmbio.”
Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master afirmou que a manutenção já era esperada mas a expectativa girava em torno do comunicado. "O Copom registra esse aquecimento da economia, mercado de trabalho mais forte, expectativa de inflação desancorada, câmbio desvalorizando, mas não traz uma sinalização tão explícita de alta de juros. Ou seja, o Copom vem mais leve, menos rock, não dando sinais tão claros de que pode reagir até o final do ano se a inflação continuar subindo. É um Copom menos duro e com sinais mais fracos, com sinais não tão fortes de movimento de alta de juros no Brasil", afirmou.
Rafael Yamano, economista da SulAmérica Investimentos, também citou que, no comunicado, o balanço de riscos ficou assimétrico, com mais riscos de a inflação ficar mais alta do que mais baixa. “Dentre os riscos destaca-se a adição do risco de a taxa de câmbio ficar mais depreciada, que foi adicionado nessa reunião”, destacou.
“ Apesar do balanço de riscos ter ficado assimétrico, acreditamos que o comitê deve seguir mantendo a taxa de juros estável em 10,50% na próxima reunião, com uma decisão pela alta ocorrendo apenas se as expectativas de inflação no Relatório Focus ultrapassarem 4,0% para 2025 e se a taxa de câmbio depreciar além de R$ 5,80. Mas essa probabilidade de alta aumentou em relação à comunicação que estava sendo feita pelo Copom”, comentou.
Márcio Saito, CFO da Entrepay destacou que não, há, nos próximos meses a possibilidade de redução da taxa básica de juros, ainda que exista pressão do governo por cortes, a fim de estimular o consumo, melhorar a geração de empregos e salários. " Em contrapartida, a manutenção é necessária para controle da inflação. Acreditamos que um dos principais impactos seja nas taxas de empréstimos, que ficam altas e pouco atrativas. Pensando na geração e manutenção de negócios, a maior preocupação é de que isso deixe o financiamento das empresas mais caras, e pensando na cadeia de atendimento, a conta para o consumidor também fica mais alta.", frisou.
Felipe Queiroz, economista-chefe da APAS (Associação Paulista de Supermercados), também fez questão de destacar que a decisão já era esperada pelo mercado porém, destacou que a APAS "entende ainda que havia espaço para novos cortes da Taxa Selic sem o comprometimento dos fundamentos econômicos e da meta de inflação determinada para o ano corrente, que deverá encerrar dentro da banda de flutuação determinada pelo Comitê Monetário Nacional (CMN)."