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Em mais um sinal de recuperação, o Bradesco (BBDC4) registrou lucro líquido recorrente de R$ 5,9 bilhões no primeiro trimestre de 2025, resultado que representa uma alta de 39,3% em relação ao mesmo período do ano passado e de 8,6% frente ao último trimestre de 2024. O desempenho veio acima da média das projeções do mercado, que esperava um lucro de R$ 5,3 bilhões, segundo estimativas da Bloomberg.
Com isso, o retorno sobre o patrimônio líquido médio (ROAE) do banco avançou para 14,4%, uma melhora de 4,2 pontos percentuais no trimestre e 1,7 p.p. na comparação anual — embora ainda abaixo dos níveis alcançados por concorrentes como o Santander.
Segundo o CEO Marcelo Noronha, o principal impulsionador da rentabilidade foi o crescimento das receitas, que deve se manter como base da estratégia em 2025. “Avançaremos mantendo a boa qualidade das novas safras de crédito, com foco em operações com garantias”, afirmou em nota.
A margem financeira total atingiu R$ 17,2 bilhões, alta de 13,7% sobre o mesmo período de 2024. A margem com clientes cresceu 15,5% e somou R$ 16,7 bilhões, impulsionada por um melhor mix de crédito e estratégia de captação mais eficiente. Já a margem com o mercado caiu 26,7% no ano e 45,1% no trimestre, encerrando o período em R$ 462 milhões, afetada por menor resultado com a gestão de ativos e passivos (ALM).
A carteira de crédito expandida cresceu 12,9% em relação ao primeiro trimestre do ano passado, totalizando R$ 1 trilhão, com avanço de 2,4% na base trimestral. A estratégia mais seletiva e focada em linhas com garantias contribuiu para a contenção da inadimplência: o índice de atrasos acima de 90 dias ficou em 4,1%, queda de 0,9 p.p. em relação ao 1T24.
As provisões para devedores duvidosos (PDD) somaram R$ 7,6 bilhões, recuo de 2,2% na base anual e avanço de 2,4% no trimestre. O custo de crédito seguiu estável em 3,0%.
Um dos destaques do trimestre foi o desempenho da divisão de seguros, que apresentou lucro líquido de R$ 2,4 bilhões, alta de 25,3% em relação ao ano anterior. O resultado operacional do segmento chegou a R$ 5,3 bilhões, impulsionado por redução na sinistralidade, que caiu para 70,9%, e elevação da rentabilidade para 22,4%.
Apesar do cenário de juros ainda elevados, o Bradesco manteve seu guidance para 2025. As projeções incluem:
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Crescimento da carteira de crédito expandida entre 4% e 8%;
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Margem financeira líquida entre R$ 37 bilhões e R$ 41 bilhões;
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Alta de 4% a 8% nas receitas de prestação de serviços;
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Crescimento de 5% a 9% nas despesas operacionais;
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Avanço de 6% a 10% no resultado das operações de seguros, previdência e capitalização.
A instituição também destacou que esses números já consideram os efeitos do aumento de participação na Cielo e da nova norma contábil do Banco Central (Resolução 4.966), que altera o modelo de cálculo de perdas esperadas e a mensuração de ativos para adequação a padrões internacionais.
As receitas com serviços cresceram 10,2% no trimestre, alcançando R$ 9,76 bilhões. Por outro lado, as despesas operacionais subiram 12,3% e chegaram a R$ 15 bilhões, refletindo, entre outros fatores, os custos da ampliação na participação da Cielo e a incorporação do Banco John Deere.
“Será um processo gradual e seguro, com controle do risco de crédito. O crescimento das receitas continuará sendo a base da melhora da nossa rentabilidade”, afirmou a administração no relatório de resultados.