Brasil emplaca cinco empresas entre as 250 maiores no ranking global do varejo, segundo Deloitte
Pela primeira vez na história, o Brasil emplacou cinco representantes no ranking das 250 maiores varejistas do mundo

Pela primeira vez na história, o Brasil emplacou cinco representantes no ranking das 250 maiores varejistas do mundo, elaborado pela Deloitte. A presença recorde de empresas nacionais — Assaí, Magazine Luiza, Raia Drogasil, Casas Bahia e Natura — reflete uma mudança estratégica no setor: mesmo com os desafios do consumo pressionado por juros altos e endividamento das famílias, essas companhias apostaram em bens essenciais, digitalização e preços acessíveis para ganhar espaço no cenário global.

Entre as brasileiras, o destaque absoluto foi o Assaí. A rede de atacarejo alcançou a 92ª posição, o melhor desempenho já registrado por uma empresa do país no ranking. Com lucro líquido de R$ 769 milhões em 2024 e receita de R$ 73 bilhões — altas de 8,3% e 11%, respectivamente —, o Assaí consolidou sua força com um modelo baseado em expansão de lojas, foco em produtos essenciais e preços competitivos. A estratégia vem se mostrando eficaz diante de um consumidor cada vez mais sensível ao custo de vida.

Outro caso de sucesso é o da Raia Drogasil, que encerrou 2024 com lucro ajustado de R$ 1,3 bilhão e receita de R$ 38 bilhões. O avanço, de 16% e 14% respectivamente, foi impulsionado pela capilaridade da rede e pelo foco em conveniência, duas características valorizadas pela Deloitte como tendências globais de consumo.

Já o Magazine Luiza voltou ao ranking após consolidar sua transformação digital. Desde 2012, com a criação do Luiza Labs, a empresa passou a integrar varejo físico, marketplace, logística, serviços financeiros e tecnologia. Hoje, grande parte das vendas ocorre por meio do app próprio, e o uso de dados e automação é fundamental para otimizar a jornada de compra. Para a Deloitte, esse tipo de integração digital está entre os principais motores de crescimento das varejistas globais mais bem posicionadas.

A Casas Bahia também figura entre as 250 maiores, mesmo após um 2023 turbulento, marcado por prejuízos e um pedido de recuperação extrajudicial. No entanto, a companhia iniciou um processo de reestruturação que começou a surtir efeito no fim de 2024. No quarto trimestre, reduziu seu prejuízo em 54,8% e viu seu Ebitda ajustado crescer 300%, alcançando R$ 640 milhões. A consultoria destaca o caso como exemplo de turnaround bem executado, sinalizando uma retomada da competitividade da varejista.

Completando o grupo está a Natura, que manteve sua posição no ranking ao seguir firme em sua proposta de valor baseada em sustentabilidade e inovação. Apesar das dificuldades enfrentadas fora do Brasil, principalmente com a operação da Avon, a companhia segue como referência global em propósito, um diferencial cada vez mais valorizado pelas novas gerações, segundo o relatório.

No panorama geral, as empresas voltadas ao consumo essencial representaram 65,5% da receita total do Top 250, com os setores de alimentação, saúde e higiene liderando. Embora América do Norte e Europa ainda concentrem 83% das companhias listadas, o crescimento de países como Brasil, Índia e Indonésia mostra que o varejo global está mais competitivo e diversificado.

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