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A Caixa Econômica Federal está preparando a criação de um Corporate Venture Capital (CVC), que deverá ser lançado em 2025 com um fundo inicial de R$ 100 milhões. A iniciativa faz parte da estratégia do banco estatal para se aproximar de startups, um movimento que começou em 2017 e vem ganhando tração nos últimos anos.
Os CVCs, estruturas proprietárias com mandatos específicos, têm se tornado cada vez mais populares no mercado de capital de risco, substituindo os fundos tradicionais. Através deste modelo, empresas investem em startups com potencial de acelerar áreas de atuação estratégicas e abrir novas oportunidades de negócios.
"Essa iniciativa ainda precisa passar por toda a governança do banco, como o conselho diretor, mas já estamos começando a construir o apetite para o nosso CVC. Isso vai acontecer em 2025", afirmou Rodrigo Salgado, gerente executivo de Inovação da Caixa, em entrevista à Bloomberg Línea.
Salgado e Laércio Roberto Lemos de Souza, vice-presidente de Tecnologia e Inovação da Caixa, discutiram a nova estratégia durante o lançamento do The Collab, um hub de inovação criado por Diego Aristides, ex-CTO do Hospital Sírio-Libanês, e Priscila Toledo, ex-executiva de grandes bancos. A Caixa foi anunciada como o primeiro parceiro do projeto, que visa fomentar o desenvolvimento de startups nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste do Brasil.
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O foco da Caixa está em identificar projetos que contribuam para o fortalecimento de govtechs — startups que desenvolvem soluções inovadoras voltadas para governos em diferentes esferas: estadual, federal e municipal. "É uma junção de esforços que pode acelerar e multiplicar ações. Eles [The Collab] têm uma tese de deeptech e estão criando um centro de excelência em inteligência artificial. Nós, por outro lado, temos um foco em serviços sociais e desenvolvimento urbano", explicou Souza, vice-presidente de Tecnologia e Inovação da Caixa.
A iniciativa é parte de uma estratégia maior da Caixa, que vem atuando com startups desde 2017. No ano passado, essa estratégia ganhou mais força com a realização de chamadas públicas para atrair startups com soluções para temas específicos. Atualmente, o banco está buscando startups que ofereçam soluções de wallet digital, capazes de transacionar diferentes ativos, incluindo o Drex (Real Digital), cuja implementação está prevista para 2025.
"As chamadas públicas são os nossos primeiros experimentos para viabilizar contratações com a estatal", explicou Salgado. O executivo também destacou que, para que a conexão com o ecossistema de startups seja efetiva, é essencial que o banco crie um ambiente de experimentação e dados integrados, algo que a Caixa está trabalhando para estruturar.
Neste mês, a Caixa deu mais um passo nessa direção com a criação da TEIA, seu primeiro hub de Inovação Aberta, localizado no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília. O objetivo do hub é atrair govtechs de todo o país que estejam desenvolvendo soluções para serviços públicos, infraestrutura e saneamento.
Segundo os executivos da Caixa, as demandas que chegam de estados e municípios estão fortemente relacionadas a áreas como sustentabilidade, cidadania, cidades inteligentes e eficiência nos serviços públicos. Até o momento, o banco já investiu cerca de R$ 50 milhões no processo de aproximação com startups. Para o CVC, o investimento inicial deverá ser de, no mínimo, R$ 100 milhões, de acordo com o vice-presidente de Tecnologia e Inovação da Caixa.
"O caminho de mostrar soluções através de um hub de inovação e depois espalhar pelo Brasil é algo que, no médio e longo prazo, será muito importante", afirmou Souza, destacando o impacto que a parceria com startups pode ter no setor público e no desenvolvimento do país.
(Com informações da Bloomberg Línea)