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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta terça-feira (19) que não só os agentes “da Faria Lima” (um dos principais centros financeiros do país), mas também os “do mundo real” tiveram percepção de piora recente nas expectativas de inflação. Nesse sentido, acrescentou, as empresas têm uma percepção ainda pior do que a do mercado.
Em evento promovido pela Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Campos Neto afirmou que o prêmio de risco hoje reflete a desconfiança dos agentes na capacidade do governo de equilibrar o fiscal no longo prazo.
Ele acrescentou que é difícil ter perspectiva de juros estruturalmente mais baixos sem ajustes nas contas públicas.
“Há situações em que a tentativa de fazer a economia crescer via pacote fiscal tem efeito contrário”, afirmou Campos Neto.
Ele voltou a dizer que há boas notícias nos dados sobre mercado de trabalho, mas com efeito de pressão sobre inflação. O presidente do BC comentou ainda que o nível de endividamento não é um problema exclusivo do Brasil, mas que aqui “a gente já parte de um nível de dívida muito alto".
Sobre o Produto Interno Bruto (PIB), Campos Neto afirmou que muita gente atribui o crescimento da economia brasileira ao impulso fiscal, mas que ele discorda parcialmente dessa visão. “Acho que tem efeito também de reformas”, disse.
"Muita gente está revisando para cima expectativa de crescimento estrutural do Brasil.” O Ministério da Fazenda elevou ontem de 3,2% para 3,3% sua estimativa para o crescimento do PIB este ano.
Por outro lado, a projeção para a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), também subiu em 2024, saindo de 4,25% para 4,4%.
(Com Valor Econômico)