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Em um cenário econômico que superou previsões mais cautelosas, o pagamento de dividendos em 2024 já atingiu o mesmo patamar de todo o ano anterior, contrariando as expectativas menos otimistas do fim de 2023. O desempenho positivo da economia impulsionou os resultados das empresas, com destaque para a Petrobras, que optou por continuar favorecendo seus acionistas, apesar das polêmicas em torno da política de dividendos.
De acordo com a fintech Meu Dividendo, entre janeiro e setembro deste ano, as companhias brasileiras listadas na bolsa pagaram R$ 222,18 bilhões em proventos, valor que inclui dividendos, juros sobre capital próprio (JCP) e outras formas de remuneração. Esse montante é 29% superior aos R$ 171,8 bilhões pagos no mesmo período de 2023. Ainda assim, a expectativa é que o valor final de 2024 fique abaixo do recorde de 2022, quando as empresas devolveram R$ 319 bilhões aos seus acionistas, em grande parte devido a circunstâncias extraordinárias.
Petrobras e Vale: gigantes continuam a liderar, mas cenário é diferente
A Petrobras segue sendo a maior pagadora de dividendos da bolsa brasileira, com cerca de R$ 70 bilhões distribuídos aos acionistas até o momento, o que representa mais do que o dobro do segundo colocado, o Itaú Unibanco, que pagou R$ 27 bilhões. Embora o cenário para a estatal não seja tão vantajoso quanto em 2022, quando houve lucros recordes durante o governo Bolsonaro, os analistas ressaltam que a solidez da empresa continua, especialmente sob a nova gestão.
Ilan Arbetman, analista da Ativa Investimentos, pontua que a mudança de regras na Petrobras sob a presidência de Jean Paul Prates foi mais suave do que o esperado, mantendo a lógica de remuneração ao acionista através da geração de caixa. A atual presidente, Magda Chambriad, também não sinalizou grandes mudanças na política de dividendos, reforçando a confiança dos investidores.
Por outro lado, a Vale enfrenta um cenário mais desafiador. A demanda chinesa, um dos principais motores da empresa, está em queda, o que pressionou os preços do minério de ferro. Mesmo assim, analistas acreditam que a companhia pode anunciar novos pagamentos de proventos até o final de 2024, especialmente após o recente estímulo econômico anunciado pelo governo chinês.
Setores tradicionais e novas oportunidades no radar dos investidores
Os bancos, empresas de energia e outras instituições financeiras continuam sendo os principais motores da distribuição de dividendos no Brasil. Esses setores mantêm um desempenho resiliente, com expectativas de continuidade nos bons retornos para os acionistas.
No entanto, novos setores, como o de shopping centers, começam a amadurecer e podem se tornar futuros pagadores relevantes de dividendos, segundo especialistas. O setor de construção também está sendo monitorado, com algumas construtoras já começando a figurar nas carteiras de investidores focados em dividendos.
Perspectivas para o final de 2024
Para os investidores que têm como estratégia o recebimento de proventos, o último trimestre de 2024 promete oportunidades. Historicamente, cerca de 19% dos dividendos anuais são pagos em dezembro, e o setor financeiro é apontado como um dos que podem surpreender com anúncios de JCPs até o fim do ano. A Vale também é uma forte candidata a realizar novos pagamentos antes de novembro.
Contudo, o estrategista-chefe de ações para pessoa física do Itaú BBA, Victor Natal, alerta que os investidores não devem focar exclusivamente nos dividendos ao construir suas carteiras. "É fundamental pensar na valorização do capital em primeiro lugar, antes de buscar empresas que distribuem dividendos", pondera.
A corrida pelos dividendos em 2024, embora não tão intensa quanto a de 2023, ainda oferece boas oportunidades para investidores atentos, especialmente nos setores que historicamente oferecem retornos robustos.