A desancoragem das expectativas de inflação, impulsionada pela desvalorização do real e desconfiança na política fiscal, deve levar o Banco Central a acelerar o aumento da Selic na próxima reunião do Copom. A maioria dos economistas projeta uma alta de 0,75 ponto percentual, elevando a taxa para 12%, enquanto uma parcela menor prevê um ajuste ainda maior, de 1 ponto percentual.
Para especialistas, como Felipe Sichel, da Porto Asset, um aperto mais agressivo ajudaria a alinhar as expectativas de inflação à meta de 3% ao ano. Já Roberto Padovani, do banco BV, alerta que a combinação de inflação resiliente, mercado de trabalho aquecido e câmbio desfavorável exige cautela, com a Selic podendo alcançar 13,50% em 2025.
Camila de Faria Lima, da Canvas Capital, e outros economistas destacam que a eficácia da política monetária está limitada pela deterioração fiscal, reforçando a necessidade de um ajuste gradual. Enquanto isso, a frustração com as medidas anunciadas pelo governo mantém o mercado pressionado, elevando o risco de dominância fiscal e alimentando incertezas sobre a trajetória econômica.