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As grandes empresas de consultoria e os escritórios de advocacia estão incorporando a inteligência artificial (IA) para agilizar o progresso dos funcionários mais jovens em direção à cobiçada posição de sócio. A tecnologia está eliminando tarefas repetitivas e demoradas que costumavam ocupar os primeiros anos de suas carreiras.
Na KPMG, por exemplo, os recém-formados agora assumem tarefas tributárias que costumavam ser reservadas para funcionários com pelo menos três anos de experiência.
Na PwC, os funcionários menos experientes dedicam mais tempo à apresentação de propostas aos clientes, em vez de passar horas preparando documentos para reuniões. Na Macfarlanes, os advogados juniores estão assumindo a interpretação de contratos complexos que antes era responsabilidade dos colegas mais experientes.
"É uma questão de equilíbrio, porque há vantagens em aprender fazendo alguns desses documentos, mas será que é necessário fazer isso por dois anos?", questionou Jeff Westcott, diretor global de inovação e tecnologia no escritório de advocacia Bryan Cave Leighton Paisner. "Provavelmente não. Após ter feito isso três ou quatro vezes, você se sente confortável."
Se essas mudanças iniciais forem bem-sucedidas, isso representará uma transformação significativa para empresas de serviços profissionais, conhecidas por submeter seus funcionários juniores a anos de trabalho tedioso antes de abrir caminho para a promoção ao cargo de sócio. O título de sócio traz consigo a responsabilidade de lidar com clientes de maior porte e salários mais substanciais.
Atualmente, leva aproximadamente uma década para alguém se tornar sócio em um escritório de advocacia, de acordo com a Law Society, enquanto a Association of Chartered Certified Accountants constatou que, em média, leva 17 anos para alcançar esse título em uma das "Big Four" da consultoria.
Tornar-se sócio em uma dessas grandes empresas de contabilidade é um dos empregos mais bem remunerados. Sócios da filial do Reino Unido da EY, por exemplo, receberam em média 761.000 libras em seu último ano fiscal, enquanto na Deloitte esse valor ultrapassou 1 milhão de libras este ano. A PwC pagou uma média de 906.000 libras a seus sócios no Reino Unido no último ano financeiro, e a KPMG registrou um pagamento médio de 717.000 libras em 2022.
"Estamos buscando reduzir a quantidade de anos que leva para alguém, desde a contratação até a promoção a sócio", afirmou Jeff Wong, diretor de inovação da EY. "Estamos focando especificamente em algumas acelerações, e sei que temos obtido sucesso nesse caminho."
Essas iniciativas demonstram como as empresas estão rapidamente adotando a inteligência artificial generativa, popularizada pelo ChatGPT. Essa tecnologia é capaz de gerar frases ou textos em resposta a perguntas simples e expandi-los após ser treinada com grandes volumes de conteúdo existente.
Executivos da KPMG agora acreditam que a empresa pode economizar até 15 horas por funcionário a cada mês com o auxílio da IA, conforme afirmou Stuart Tait, diretor de tecnologia na área tributária e legal da empresa no Reino Unido. Durante anos, os funcionários juniores da KPMG gastavam horas tentando decifrar informações de diversas fontes, desde a autoridade fiscal do Reino Unido até bancos de dados internos. A empresa optou por centralizar todas essas informações em um único local e permitir que os funcionários consultem o banco de dados utilizando tecnologia alimentada por IA generativa, transformando as primeiras quatro horas de pesquisa em uma tarefa que agora leva apenas minutos.
"Bret Greenstein, líder de IA generativa na PwC, afirmou: "Para muitos de nós, começamos nossas carreiras fazendo o trabalho necessário, mas frequentemente tedioso, em apoio aos profissionais mais experientes. Muito desse trabalho, como redigir rascunhos, tomar notas em reuniões e pesquisar tópicos, é agora consideravelmente auxiliado pela GenAI. Isso permite que os funcionários juniores se tornem mais produtivos e impactantes de forma mais rápida".