Fuga de capital estrangeiro pressiona ativos dos EUA e abre espaço para emergentes
Nos últimos dias, porém, houve uma trégua após sinais de alívio vindos de Washington

Investidores estrangeiros retiraram bilhões de dólares do mercado americano nas últimas semanas, pressionados pelo temor de que a política tarifária do presidente Donald Trump provoque um pouso forçado da economia dos Estados Unidos. O movimento afetou ações, títulos do Tesouro e dívidas corporativas, além de enfraquecer o dólar frente a outras moedas.

Nos últimos dias, porém, houve uma trégua após sinais de alívio vindos de Washington, como a suspensão temporária de tarifas. Ainda assim, os investidores seguem cautelosos, aguardando os próximos passos do governo nos cem dias seguintes. Enquanto isso, buscam alternativas em outros mercados, o que, segundo analistas, representa uma oportunidade para países atraírem capital ao demonstrar solidez econômica.

De acordo com o Goldman Sachs, desde março, estrangeiros venderam US$ 63 bilhões em ações americanas — um forte contraste com os US$ 24 bilhões comprados em fevereiro. A saída representa risco à valorização das bolsas, já que estrangeiros detêm cerca de 18% do mercado acionário dos EUA. Também houve forte desinvestimento em Treasuries, elevando os juros exigidos pelos investidores para comprar esses papéis.

A instabilidade também foi alimentada pelas críticas de Trump ao presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, o que minou a confiança nos ativos americanos. Segundo o Deutsche Bank, o mercado perdeu rapidamente a fé nos Estados Unidos como destino seguro para investimentos.

Estima-se que estrangeiros detenham atualmente cerca de 30% da dívida americana, bem abaixo dos quase 50% registrados em 2008. O Japão vendeu US$ 20 bilhões em Treasuries nas primeiras semanas de abril, e há indícios de que a China também esteja reduzindo sua exposição.

Apesar da tensão, analistas do Citi e do UBS consideram o pessimismo exagerado. Eles avaliam que, embora o movimento de diversificação de portfólio deva continuar, o dólar americano ainda mantém seu status de ativo de refúgio. Já a economista Tatiana Pinheiro destaca que o redesenho do comércio global pelos EUA abre espaço para que outras economias captem parte desses recursos.

redacao
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