Fundos de servidores colocam R$ 1,7 bi no Banco Master sem FGC
O destaque fica por conta do Rioprevidência, fundo que administra os recursos da aposentadoria de servidores do Rio de Janeiro

Fundos de previdência de servidores públicos estaduais e municipais vêm apostando pesado em aplicações no Banco Master, atraídos pelas altas taxas de retorno oferecidas pela instituição — ainda que os investimentos não contem com a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC). Um levantamento feito pela Folha de S.Paulo revela que dez desses fundos possuem, juntos, R$ 1,7 bilhão aplicados em letras financeiras do banco.

O destaque fica por conta do Rioprevidência, fundo que administra os recursos da aposentadoria de servidores do Rio de Janeiro. A instituição investiu R$ 970 milhões no Banco Master, valor que representa mais de 7% do total das aplicações do fundo. O número foi inicialmente divulgado pelo jornal O Globo.

De acordo com ata de uma reunião realizada em outubro de 2023 pelo comitê de investimentos do Rioprevidência, o diretor de investimentos Euchério Lerner Rodrigues e o gerente Pedro Pinheiro Guerra Leal discutiram a alocação dos recursos no banco. Naquele mesmo mês, a área técnica do Tribunal de Contas da União (TCU) concluiu que a Caixa Asset falhou no processo de análise de risco para aquisição de R$ 500 milhões em papéis do Master.

Durante a reunião, Rodrigues defendeu a operação, ressaltando a atratividade do retorno oferecido pelas letras financeiras do banco, superiores às demais opções disponíveis no mercado. “[O diretor] explica que a cada operação era estudado o melhor momento, o valor do mercado e as taxas financeiras”, aponta o documento. Apesar de reconhecer os questionamentos de “diversos órgãos”, o diretor reafirmou que o investimento estava trazendo “ótimo retorno” e destacou que a decisão foi embasada por uma due diligence que avaliou os balanços do banco, embora sem contar com uma análise de rating interna.

Outra instituição com alocação expressiva no Banco Master é o Amprev, responsável pela aposentadoria dos servidores do Amapá. Segundo os dados apurados, o fundo possui atualmente R$ 410 milhões aplicados nas letras financeiras da instituição, conforme carteira de investimentos consolidada em janeiro deste ano.

Em ata de dezembro de 2023, consta a proposta de alocação em 41 letras financeiras com vencimento em dez anos, oferecendo uma rentabilidade de IPCA + 8,35% ao ano. O documento reconhece que o prazo de vencimento era “um pouco alongado”, mas justifica a escolha com base na taxa elevada, considerada muito superior à de outros ativos semelhantes.

 

Tanto o Rioprevidência quanto o Amprev foram procurados pela reportagem, mas até o momento não se manifestaram.

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