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O empresário Joesley Batista, acionista da J&F, está em tratativas para adquirir parte dos ativos pessoais de Daniel Vorcaro, controlador do Banco Master, segundo apurou a Folha de S.Paulo. As negociações, ainda em estágio preliminar, incluem também uma fatia remanescente do Master que não será absorvida pelo Banco de Brasília (BRB) na operação em curso.
A intermediação entre Joesley e Vorcaro está sendo conduzida por Renato Azevedo, CEO e sócio-fundador da gestora Latache Capital, de acordo com fontes próximas às tratativas. Entre os ativos em negociação estão precatórios e pré-precatórios — dívidas judiciais consideradas de risco — alocados no chamado “bad bank” do Master, estrutura que ficou fora do escopo de interesse do BRB.
Embora Joesley demonstre interesse nos papéis, o maior apetite por esses ativos estaria com o banqueiro André Esteves, controlador do BTG Pactual, segundo uma fonte com conhecimento direto das discussões. A venda do Master ao BRB ainda depende de aprovação do Banco Central, que avalia o pacote completo da operação, incluindo a parte da instituição que não será transferida ao banco estatal do Distrito Federal.
Em um movimento que chamou a atenção do mercado financeiro, Joesley Batista se reuniu no feriado de 1º de maio com o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, na sede da autoridade monetária. Também participaram do encontro os diretores Gilneu Francisco Astolfi Vivan (Regulação) e Ailton de Aquino Santos (Fiscalização). Após a reunião, Aquino limitou-se a dizer que o encontro “foi bom”, sem confirmar ou negar que o tema fosse o Banco Master. Na agenda oficial, o compromisso aparece apenas como “assuntos institucionais”.
A reunião ocorre em um momento sensível, com a venda do Master ainda em fase de validação regulatória e com o próprio Vorcaro sinalizando interesse em vender ativos remanescentes a bancos ou fundos de investimento. No último dia 17 de abril, Joesley e seu irmão Wesley Batista também estiveram com Galípolo em Brasília, reforçando a articulação da família Batista no ambiente regulatório e bancário.
A J&F, holding controlada pelos irmãos Batista, é dona de empresas como JBS, Eldorado Celulose, Banco Original, PicPay, Flora, Lhg Mining e Âmbar Energia. Nem o Banco Central nem a J&F responderam aos pedidos de esclarecimento enviados pela reportagem até o momento.