JPMorgan se junta a outras casas de análise com visão mais positiva para a mineradora, apesar do cenário mais cauteloso no geral com China

Em meio à queda de 23% das ações no acumulado de 2023, o JPMorgan elevou a recomendação das ações da Vale (VALE3) de neutro para overweight (exposição acima da média do mercado, equivalente à compra), em relatório chamado “mudança de maré”.

O preço-alvo para a ação negociada na B3 passou de R$ 75 para R$ 79 ao final de 2024, ou um potencial de valorização de 21,4% frente o fechamento da véspera. Para o ADR (recibo de ação negociado na Bolsa de Nova York), o target passou de US$ 15 para US$ 16, ou potencial de valorização de 21,5% frente o último fechamento.

Com isso, às 10h34 (horário de Brasília), as ações VALE3 subiam 4,01%, a R$ 67,69, em um dia também positivo para o Ibovespa e de alta para o minério de ferro. 

Além do valuation mais atrativo, com a ação negociada agora a um múltiplo de 4,2 vezes o EV/Ebitda (EV = Enterprise Value, a soma do valor de mercado das ações de uma companhia com a dívida líquida dessa empresa/ Ebitda = lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) esperado para 2024, ante um pico de 5,9 vezes no início de fevereiro deste ano, o JPMorgan também destaca outros pontos para a elevação da recomendação.

Segundo os analistas do banco, embora o setor imobiliário esteja pouco animador, a China tem produzido aço em excesso – as exportações estão em 84 milhões de toneladas por ano (Mtpa). À medida que a China produz aço em excesso, ela consome minério de ferro em excesso.

“E, ao contrário de 2021 e 2022, não esperamos ver uma redução deliberada na produção siderúrgica nacional na China. Em outras palavras, mais aço significa mais minério de ferro”, apontam Rodolfo Angele e Tathiane Martins, analistas que assinam o relatório.

Eles apontam que, talvez devido à superprodução de aço, os preços do minério de ferro permanecem teimosamente elevados em cerca de US$ 120 a tonelada (t), o que se compara às suas expectativas de preços mais próximos de US$ 100/t até o final do ano. Cada US$ 10/t adiciona US$ 2,7 bilhões de Ebitda à Vale.

O JPMorgan também aponta que o curto prazo parece bom para a Vale à medida que os volumes aumentam e a qualidade deve melhorar com a barragem de Torto, no complexo de Brucutu (MG), que recebeu licença de operação.

O posicionamento do mercado tem sido ainda muito brando para Vale e outras ações relacionadas ao segmento de matéria-prima.

“Além disso, durante a noite, vimos o governo da China lançar um pacote de estímulo nacional para o setor imobiliário. Enquanto não estamos atualizando nossas previsões para o minério de ferro, isso traz riscos de alta para nossas estimativas”, apontam os analistas.

Cabe destacar que, nos últimos dias, algumas casas, como o Bradesco BBI e o BTG Pactual, têm destacado a sua visão positiva para a Vale, tanto pela resiliência do minério de ferro quanto pelos sinais de dias melhores para as operações da companhia.

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