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A percepção de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central poderá ter que aumentar a Selic até o fim do ano ganhou força entre gestores, impulsionada por declarações mais duras de diretores da instituição nos últimos dias.
Gabriel Galípolo afirmou na última semana que a "alta da Selic está na mesa" e que o Banco Central não desviará de sua meta, mesmo que o custo para atingi-la varie. Na mesma linha, Diogo Guillen, diretor de política econômica do BC, reforçou a possibilidade de elevação dos juros, destacando o consenso dentro do Comitê sobre os riscos crescentes no cenário. Essas declarações animaram o mercado, resultando em queda nos juros futuros e valorização do real frente ao dólar.
Luiz Eduardo Portella, sócio e gestor da Novus Capital, acredita que o BC provavelmente aumentará os juros, sugerindo quatro altas de 0,25 ponto percentual a partir de setembro como medida suficiente para garantir a convergência da inflação à meta. Segundo ele, os recentes discursos fortaleceram a credibilidade do Banco Central na execução de sua política monetária.
Na Itaú Asset, a visão é semelhante. Bruno Serra, gestor da casa e ex-diretor do Banco Central, afirmou que, apesar da recente valorização do real, a possibilidade de aumento da Selic ainda é significativa, especialmente se as expectativas de inflação não caírem rapidamente. Luiz Parreiras, da Verde Asset Management, também prevê dificuldade em controlar as expectativas de inflação sem uma alta da Selic, projetando inflação de 4,30% para o próximo ano.
André Raduan, gestor da Genoa Capital, compartilha dessa visão e sugere que uma elevação da Selic poderia ajudar a ancorar as expectativas de inflação, reduzindo prêmios de risco e potencialmente permitindo cortes maiores nos juros no segundo semestre do próximo ano.