MRV inicia venda de terrenos para reduzir banco imobiliário e destravar capital
A empresa encerrou 2024 com um landbank pago de R$ 2,4 bilhões, e pretende reduzi-lo para menos de R$ 1 bilhão até o fim de 2029

A MRV (MRVE3) deu início a uma reestruturação estratégica em seu modelo de negócios ao anunciar a venda de terrenos como forma de reduzir seu volumoso landbank e liberar capital para operações mais rentáveis. A incorporadora, que historicamente manteve grandes estoques de terrenos como parte de sua política de expansão, agora pretende diminuir em R$ 1,4 bilhão o volume imobilizado até 2029, mesmo com parte das áreas avaliadas para o Minha Casa, Minha Vida (MCMV).

“Empatar dinheiro no landbank tira meu sono. Já estamos reduzindo e vamos reduzir mais até atingir essa meta”, afirmou Rafael Albuquerque, diretor executivo da empresa, durante o MRV Day, evento anual da incorporadora realizado em São Paulo.

A guinada marca uma mudança cultural na companhia. Segundo Albuquerque, embora a prática de revender terrenos não fosse usual para a MRV, a decisão tornou-se imperativa diante do cenário de juros elevados e pressões sobre geração de caixa. A empresa encerrou 2024 com um landbank pago de R$ 2,4 bilhões, e pretende reduzi-lo para menos de R$ 1 bilhão até o fim de 2029, o que representaria uma queda de mais de 58%. Em 2024, a companhia já havia cortado R$ 230 milhões desse estoque.

De acordo com o CFO Ricardo Paixão, o movimento ganhou tração neste ano e visa focar os esforços da MRV nos segmentos habitacionais mais estratégicos. “Estamos revendo terrenos comprados anteriormente que já não fazem mais sentido. Queremos concentrar a operação nas faixas mais interessantes do MCMV”, afirmou.

Lucro com venda de terrenos e aprendizado recente

A estratégia já começou a surtir efeitos. Conforme divulgado na prévia operacional do 1º trimestre de 2025, a venda de terrenos contribuiu positivamente para o lucro da MRV, ajudando também a amortecer o consumo de caixa ajustado de R$ 48,3 milhões no período.

Os executivos também reconheceram que a empresa aprendeu com os desafios enfrentados nos ciclos de 2022 e 2023, e que os ajustes iniciados em 2024 estão sendo acelerados para garantir eficiência e geração de valor.

Projeções para 2025: VGV de R$ 11 bilhões e lucro robusto

Mesmo com travas operacionais no início do ano, especialmente em programas habitacionais estaduais nos estados do Amazonas, Ceará e Rio Grande do Sul, a MRV mantém perspectivas otimistas para 2025. A companhia projeta R$ 11 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV), além de um lucro entre R$ 650 milhões e R$ 750 milhões — mais que o dobro dos R$ 274 milhões registrados em 2024.

No primeiro trimestre, a empresa sofreu impacto direto com o atraso no repasse de 1.400 unidades, o que gerou perdas estimadas de R$ 320 milhões em vendas e cerca de R$ 110 milhões em geração de caixa. Ainda assim, a expectativa é de recuperação no decorrer do ano.

 

“Já entregamos mais de R$ 10 bilhões em vendas no ano passado e produzimos mais de 40 mil unidades. Isso nos coloca em condições reais de atingir o ROE entre 9,5% e 10,5%, conforme previsto no nosso guidance”, concluiu Ricardo Paixão.

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