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A parceria entre a Pluxee, antiga Sodexo Benefícios e Incentivos, e o Santander, anunciada há cerca de um ano, foi autorizada na última quinta-feira (27). Agora, as empresas passam a se dedicar à integração da equipe e dos clientes da Ben – empresa de benefícios do banco - à estrutura da companhia francesa. A expectativa é que o processo seja concluído em cerca de 6 meses.
Conforme os termos do acordo, que não envolveu dinheiro, o Santander vai assumir 20% de participação na operação de benefícios do grupo francês no Brasil em troca da incorporação do time e dos clientes da Ben ao negócio. Também está previsto um contrato de exclusividade para distribuição dos produtos e serviços da empresa de benefícios pelos canais do banco por 25 anos.
A Pluxee permanecerá como acionista controladora do negócio no Brasil, sob a liderança do CEO Thierry Guihard. Marcelo Aleixo, então diretor presidente da Ben, passa a assumir uma posição no conselho da gigante de benefícios. Além disso, será criada uma diretoria executiva na companhia francesa para cuidar do canal Santander.
“Vimos muita sinergia entre os negócios” afirma Guihard em entrevista ao Valor. Para o executivo, que lidera os negócios da Pluxee no Brasil há quase 4 anos, a companhia vai se beneficiar tanto da expertise e da estrutura da Ben quanto dos canais de venda do banco, que segundo ele vão oferecer mais de 200 mil CNPJs.
Criada em 2019, a empresa de benefícios do Santander atendia 600 mil pessoas com seus cartões. A Pluxee, por sua vez, possui cerca de 6,5 milhões usuários no Brasil. “A empresa crescia muito bem, mas com a joint venture a potência é muito maior e complementa com todos os produtos e serviços que o grupo Pluxee tem no Brasil”, afirma Aleixo, do Santander. Com a união, a companhia chegará a 740 mil estabelecimentos, 7,1 milhões de consumidores, 145 mil clientes e mais de 800 colaboradores.
A Pluxee era a única, entre as quatro maiores empresas de benefícios que atuam no Brasil, que não tinha uma relação mais estreita com uma instituição financeira. O Itaú Unibanco é sócio da Ticket; a Alelo é controlada por Banco do Brasil e Bradesco; e a VR tem uma joint venture de distribuição de cartões pré-pagos com a Caixa Econômica Federal.
O negócio entre as duas empresas acontece em um momento de indefinições no mercado de benefícios, que vem passando por mudanças regulatórias importantes desde 2021, com o objetivo de modernizar e trazer mais competitividade a esse mercado - que movimenta cerca de R$ 150 bilhões por ano e era dominado por quatro grandes empresas (Alelo, Pluxee, Ticket e VR).
Startups como Caju, Flash e Swile, por exemplo, chegaram com a proposta de atuar no arranjo aberto, em que o cartão, por ser vinculado a uma bandeira — como Visa ou Mastercard - é aceito em praticamente todo restaurante. O oposto é o arranjo fechado, que prevê o uso do cartão em uma rede selecionada pelas operadoras do benefício. Esse era o modelo predominante nas incumbentes do setor.
No caso da Pluxee, Guihard diz que, mesmo após a integração com o banco, os cartões continuarão operando predominantemente no modelo fechado. Ainda assim, a empresa diz que oferece o arranjo aberto em alguns casos específicos.
Outra grande mudança foi o fim do “rebate”, espécie de desconto concedido pelas emissoras dos cartões aos departamentos de Recursos Humanos das empresas contratantes. Essa, segundo as novas entrantes, era a principal barreira para o avanço da competição nesse mercado.
Outro marco importante foi a aprovação da portabilidade, que permite que os trabalhadores escolham a operadora dos benefícios independentemente da empresa contratada por seu empregador, e da interoperabilidade, que garante que os cartões sejam aceitos em qualquer restaurante ou supermercado, seja qual for a empresa emissora.
Pela lei sancionada no fim de 2022, essas portarias deveriam estar valendo desde maio do ano passado. Mas, ao que tudo indica, elas estão longe de entrar em vigor, uma vez que ainda não há regulação que viabilize a sua implementação.
Em meio a tantas indefinições, o CEO da Pluxee afirma que o comprometimento com a transformação digital e a inovação são as grandes apostas da companhia para alcançar se diferenciar nesse mercado. Segundo Guihard, 10% de toda a receita anual é investida nessas áreas. "Queremos ser líderes na parte de benefícios para os funcionários, para isso nós temos que entregar a melhor experiência possível para nossos clientes”, afirma.
(Valor)