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Uma reunião realizada nesse sábado (5) no Banco Central, entre o presidente da autarquia, Gabriel Galípolo, e os CEOs dos maiores bancos do país — Itaú, Bradesco, Santander e BTG Pactual — além do presidente do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), teve como pauta central eventuais mudanças nas regras do fundo. Paralelamente, os executivos também discutiram uma possível divisão dos ativos do Banco Master, cuja compra parcial pelo Banco de Brasília (BRB) foi anunciada recentemente.
Segundo apuração do Valor Econômico, uma das discussões mais relevantes do encontro girou em torno de ajustes na Resolução nº 4.222 do Conselho Monetário Nacional (CMN), que rege o funcionamento do FGC. A proposta, impulsionada pelos grandes bancos, visa tornar mais rígidas as regras de captação para instituições financeiras de médio e pequeno porte, especialmente aquelas que dependem em excesso da cobertura do fundo.
Atualmente, instituições que ultrapassam 75% de captação garantida pelo FGC precisam pagar uma contribuição adicional de 0,01% sobre o montante garantido. Agora, os grandes bancos querem reduzir esse teto para 50% e elevar a alíquota da contribuição adicional para 0,10%, uma medida que pode dificultar a estratégia de captação de bancos menores com foco em CDBs de alto rendimento.
“Foi uma reunião de trabalho, uma oportunidade de colocar todo mundo junto na mesma sala, mas não se decidiu nada”, disse uma fonte presente nas discussões. Em nota, o Banco Central classificou o encontro como uma oportunidade para abordar temas atuais e conciliar agendas, sem detalhar os encaminhamentos específicos.
Além das questões regulatórias, o caso Banco Master também entrou na pauta. A proposta em análise envolve a possibilidade de o BRB, que anunciou a compra de 58% do capital do Master, assumir apenas a operação de varejo. Os demais ativos — como a carteira de precatórios e outros segmentos mais complexos — poderiam ser adquiridos pelo BTG, com o Itaú, Bradesco e Santander entrando em partes da operação.
De acordo com fontes ligadas às negociações, os bancos privados saíram da reunião com a missão de avaliar a compra da fatia que não será absorvida pelo BRB. Nesse cenário, o FGC poderia entrar como garantidor ou mesmo fornecer crédito emergencial para facilitar a operação, desde que haja aceitação por parte do controlador do Master, Daniel Vorcaro. Não há, no entanto, qualquer imposição nesse sentido, apenas tratativas preliminares.
O movimento reflete a preocupação crescente do sistema financeiro com a exposição do FGC e a necessidade de garantir estabilidade em um momento em que bancos médios voltam a atrair atenção por sua dependência de instrumentos de captação protegidos pelo fundo. O caso do Master serviu como alerta para o setor e pode acelerar mudanças regulatórias estruturais.