Executivos da Vale (VALE3) afirmaram nesta sexta-feira (25), durante teleconferência com analistas e investidores, que a companhia não considera apropriado discutir o pagamento de dividendos extraordinários neste momento. A decisão reflete a cautela diante das incertezas no ambiente macroeconômico global, especialmente em relação aos impactos das tensões comerciais e à volatilidade nos preços do minério de ferro.
A mineradora ressaltou que está priorizando a preservação de sua solidez financeira, com foco na gestão eficiente de custos e na manutenção da capacidade de investimentos. Segundo a diretoria, ainda é prematuro avaliar eventuais efeitos das disputas comerciais sobre o mercado global de minério. Um dos fatores em análise é a possibilidade de a China redirecionar o aço destinado à exportação para o mercado interno, o que poderia afetar a dinâmica internacional do setor.
Apesar da instabilidade externa, o presidente-executivo da Vale, Gustavo Pimenta, afirmou que não há impactos relevantes sobre as operações e as vendas da companhia até o momento. O posicionamento veio um dia após a divulgação do balanço trimestral, que mostrou queda de 17% no lucro líquido em relação ao mesmo período de 2024.
O desempenho negativo foi atribuído principalmente à desvalorização do minério de ferro, que acabou neutralizando os efeitos positivos de maiores volumes de vendas e da redução de custos operacionais. A empresa informou que os custos e despesas totais, excluindo os efeitos relacionados a Brumadinho e à descaracterização de barragens, somaram R$ 5,8 bilhões no trimestre, com recuo de 2% na comparação anual.
Por outro lado, os gastos vinculados à tragédia de Brumadinho e à descaracterização de estruturas subiram 137%, alcançando R$ 97 milhões no período. A geração de fluxo de caixa livre recorrente foi de US$ 504 milhões, uma retração de US$ 1,7 bilhão em relação ao mesmo trimestre do ano anterior — reflexo direto do Ebitda mais fraco e do aumento do capital de giro.
